15/04/2004 - Brasil : emprego
Berzoini: só reduzir jornada não resolve
Medida é insuficiente diante do avanço tecnológico, diz ministro
Paulo de Tarso Lyra
BRASÍLIA - O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, afirmou ontem não acreditar que a redução da jornada de trabalho, proposta por alguma centrais sindicais, em especial a Força Sindical, consiga, por si só, gerar novos empregos no país. Para justificar sua opinião, durante audiência na Câmara, o ministro reforçou que o aumento da produtividade decorrente de novas tecnologias - uma das maiores causas do desemprego - pode andar a uma velocidade muito maior do que as políticas de redução da jornada de trabalho.
- A incorporação dos ganhos de produtividade nas relações trabalhistas é muito lenta. É preciso que haja uma estratégia de governo para garantir que essa produtividade se reflita tanto na relação de remuneração quanto na relação de horas de trabalho - argumentou o ministro.
Berzoini também chamou a atenção para a necessidade de que uma eventual discussão sobre esse assunto respeite as diferenças entre grandes, médias e pequenas empresas. O ministro alegou que a organização da jornada de trabalho nesses três tipos de empreendimento se dá de forma diversa e, por isso, deve ser analisada considerando as peculiaridades de cada uma.
- Não é possível tratar uma microempresa da mesma forma como se trata uma grande montadora ou um banco - exemplificou.
O ministro assegurou que essa matéria, ao lado de outros temas - formas de remuneração e organização de trabalho, por exemplo -, será debatida quando o governo federal encaminhar a reforma trabalhista ao Congresso. Berzoini voltou a afirmar que a reforma não tornará precários nem deixará mais frágeis os direitos dos trabalhadores.
- O objetivo é que toda a ação conjugada de mudança tenha coerência com o nosso objetivo maior, que é produzir emprego, renda e permitir a retomada do crescimento econômico brasileiro - acrescentou o ministro.j
Fonte: Jornal do Brasil
|