06/09/2006 -
Empresário e operário têxtil protestam contra China
Raquel Landim
Rosângela Alves trabalha como auxiliar administrativo em uma fábrica têxtil no Ipiranga, bairro da zona sul de São Paulo. Na manhã de ontem, ela e duas amigas participavam de protesto organizado pelo setor. "A China tem que parar de trazer produto para cá", disse.
Poucos metros adiante, Antônio Aristides Fernandes, dono de uma fiação na zona leste, devidamente trajado de terno e gravata, repetia o mesmo bordão. "Mesmo sem pagar imposto, não temos condição de competir com os chineses".
Trabalhadores e empresários do setor têxtil protestaram ontem no vão livre do Museu de Arte Moderna (Masp), na avenida Paulista. O setor quer "isonomia" na competição com a China. Para tanto, pede redução na carga tributária, acordos comerciais com os países ricos e combate a pirataria, diz o presidente do Sindicato da Indústria Têxtil de São Paulo, Rafael Cervone Netto.
"Estamos vendo nossos empregos irem para a China por conta do câmbio valorizado e dos juros altos", defendeu Eunice Cabral, presidente do Sindicato das Costureiras de São Paulo e Osasco. Com suas bandeiras cor-de-rosa, o sindicato, no qual 92% dos trabalhadores são mulheres, era um dos mais ativos.
Organizada por sindicatos patronais e de trabalhadores, a manifestação pretendia reunir 3 mil pessoas, mas atraiu cerca de mil. Muitos operários foram trazidos pelos sindicatos ou pelos donos das fábricas. Os organizadores bem que tentaram manter o protesto apartidário, mas, faltando menos de um mês para as eleições, não conseguiram impedir que alguns candidatos se aproveitassem do evento.
No final da manifestação, partidários de candidatos a deputado estadual do PSDB e do PC do B agitavam bandeiras. Uma equipe de TV perguntava por que o entrevistado pretendia votar no candidato à Presidência, Geraldo Alckmin. E o candidato a deputado federal, Paulinho da Força, presidente licenciado da Força Sindical, subiu no carro de som e discursou.
Fonte: Valor
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