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13/09/2006 -

MST invade sede do Incra e bloqueia estradas no MT

CUIABÁ - Cerca de 70 famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) invadiram ontem a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Cuiabá. Elas estavam em frente ao prédio desde março deste ano. Duas rodovias federais - as BRs 070 e 163 -, nas regiões Oeste e Norte de Mato Grosso, também foram bloqueadas por mais de cinco horas. Os protestos recomeçam hoje, anunciaram lideranças estaduais do movimento.

Além de invasão a prédio público e bloqueios de rodovias, a ofensiva do MST prevê invasões de fazendas no estado. A ocupação do Incra será por tempo indeterminado, informou Dorgival Francisco dos Santos, da coordenação estadual do movimento. "Só queremos que o Incra cumpra a promessa que era de assentar 2,2 mil famílias no estado e até agora só assentou 70 famílias", afirmou ele.

As interdições das rodovias em Mato Grosso começaram por volta das 6h30, quando as famílias espalharam pedaços de madeira e pneus nas pistas. Os manifestantes encerraram o bloqueio depois de negociarem a realização, hoje, de um encontro na sede do Incra, em Cuiabá. O objetivo do movimento é pressionar o governo federal a agilizar o processo de reforma agrária no estado para assentar pelo menos 1,5 mil famílias.

Em Cáceres, pelo menos 200 sem-terra bloquearam a rodovia 070, que liga Mato Grosso a Rondônia. Eles reivindicam distribuição de cestas básicas para as 3,6 mil famílias acampadas no estado e lonas pretas para os assentamentos. O MST também cobra agilidade nos processos de desapropriação de seis fazendas.

Já na BR-163, entre os municípios de Sinop e Itaúba, outro grupo de aproximadamente 100 integrantes do movimento bloqueiam parcialmente a rodovia para reivindicar a distribuição de cestas básicas para famílias de sem-terra que estão acampadas nas margens da rodovia, há cerca de dois anos. Foi permitida apenas a passagem de ambulâncias.

O superintendente do Incra em Mato Grosso, Leonel Wohlfahrt, não foi localizado para comentar a invasão do Incra e os

loqueios das estradas.

Prédio do Incra no RS também é ocupado

PORTO ALEGRE - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) invadiu ontem o prédio onde funcionam a delegacia regional do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), no Centro de Porto Alegre.

O grupo, de cerca de 350 pessoas, incluindo crianças, entrou no prédio antes de o expediente começar, mas não impediu que os funcionários trabalhassem. Eles preferiram ficar nos corredores, onde prometiam passar a noite e continuar até que o governo confirme a aquisição de pelo menos algumas das nove áreas que está adquirindo para assentamentos no Rio Grande do Sul.

Recebidos em reunião pelo superintendente do Incra, Mozar Artur Dietrich, e pelo delegado regional do MDA, Nilton De Bem, os líderes dos sem-terra foram informados de que o processo de aquisição de uma fazenda de 3,7 mil hectares para assentamento de 190 famílias em Itacurubi deve ser concluído nesta semana. Mesmo assim, avisaram que ficariam no prédio até o negócio ser confirmado.

O MST reclama do atraso nas metas da reforma agrária no Rio Grande do Sul, alegando que o Incra prometeu assentar 1.070 famílias no estado neste ano e só cumpriu uma pequena parte da meta, beneficiando 85 famílias até agora. Os sem-terra mantêm 2,5 mil famílias acampadas à beira de rodovias em diversas regiões do território gaúcho à espera de assentamento.

Fazenda

Em Jóia, no Noroeste do estado, a Brigada Militar pode deflagrar hoje a operação de despejo dos 320 sem-terra que invadiram a Granja Saúde no dia 4 de setembro. A reintegração de posse aos proprietários, entre eles o ex-presidente do Incra Ruben Ilgenfritz da Silva, foi concedida pela juíza Simone Brum na quarta-feira e deveria ser cumprida até o final da tarde de ontem.

Como os sem-terra não saíram e prometeram iniciar o plantio na fazenda, o major Felisberto Silveira, comandante regional da Brigada Militar, anunciou que fará cumprir a decisão da Justiça com a presença da força policial.

Os invasores estão instalados nos silos da propriedade e dizem que querem acelerar o assentamento de 85 famílias na área de 1,1 mil hectares. O Incra está comprando a Granja Saúde, ofertada pelos proprietários para a reforma agrária, mas alega que o fechamento do negócio ainda depende de autorização da Casa Civil da Presidência da República.

Fonte: Tribuna da Imprensa