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31/05/2006 -

Trabalho infantil atinge 8,5 milhões na América Latina

MADRI - Cerca de 8,5 milhões de meninos e meninas de 5 a 14 anos de idade trabalham na América Latina apesar do esforço dos governos da região, como o do Brasil, de erradicar o trabalho infantil, informou uma ONG de defesa dos direitos da criança. O relatório, elaborado pelo sociólogo peruano Walter Alarcón, foi apresentado pela ONG "Proyecto Solidario em Madri".

Segundo o estudo, 2,7 milhões de crianças exercem atividades que estão entre as piores formas de trabalho infantil. Entretanto, o relatório elogia iniciativas como o da Bolsa Família, que reduziu o número de crianças que exercem alguma profissão. Baseando-se em experiências como a brasileira, o sociólogo peruano pediu aos governantes dos países latino-americanos que invistam em políticas de desenvolvimento que contribuam para diminuir a emigração e erradicar o trabalho infantil.

O relatório também informou que as médias regionais de crianças trabalhadoras diferem substancialmente. No Panamá, dois em casa 100 pequeninos de 5 a 14 anos estão envolvidos com o trabalho infantil, enquanto no Peru essa média pula de 22 para cada 100. A ONU, através do Comitê para os Direitos da Criança, alertou as autoridades peruanas de que os meninos e meninos da Amazônia e das comunidades andinas mais isoladas são os mais atingidos.

O Comitê disse que problemas como pobreza, falta de trabalho regular nas famílias, violência física e sexual contra os menores, degradação socioeconômica e o trabalho e a exploração infantil, são os principais problemas do país andino. Alarcón, que há anos investiga as várias realidades sociais de toda a região, destacou o fato de que o trabalho infantil na região diminuiu muito pouco nos últimos anos. No início do mês, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) divulgou um relatório no qual mostrou que a América Latina é a região do mundo que registrou maiores progressos na redução do trabalho infantil.

Segundo a OIT, o problema atinge 5,7 milhões de crianças na região. Alarcón afirmou que os problemas são uma expressão da ineficiência dos sistemas políticos, porque, segundo o sociólogo, a raiz do trabalho infantil é política, e confirmou a necessidade de que os poderes públicos invistam em capital humano. "Um país que investe na infância investe em seu futuro", declarou o sociólogo.

Apesar de valorizar a contribuição da cooperação internacional na luta contra a pobreza, o especialista disse que ainda é insuficiente, já que os países não vão se desenvolver até que suas capacidades sejam promovidas. O relatório "Da exploração à esperança" tem uma série de informações sobre as características do trabalho infantil na região, que se diferencia, da Ásia, segundo o sociólogo, onde os menores produzem bens para exportação. A apresentação do relatório teve a participação de Adolfo

Lacuesta, diretor da ONG, que está presente na América Latina em países como Equador, Peru e Bolívia.



Fonte: Tribuna da Imprensa