NOTÍCIAS - Brasil

13/07/2006 -

Sindicato de Taubaté recua e negocia cortes

Agência Estado

De São Paulo

Na fábrica da Volkswagen em Taubaté (SP), o sindicato local negociou um pacote em que os demitidos receberão salários extras. Os detalhes da proposta serão apresentados em assembléia na terça-feira. A montadora emprega na unidade 4,5 mil funcionários e deve cortar 681 vagas a partir da próxima semana.

O Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté é o único que negociou os cortes diante da ameaça da Volks de iniciar demissões esta semana sem qualquer benefício aos dispensados. Os sindicatos do ABC paulista e de Curitiba, onde também há fábricas da empresa, decidiram não negociar cortes, mesmo com incentivos.

Os 12 mil trabalhadores do ABC têm acordo de estabilidade até 20 de novembro. Ou seja, as 3,6 mil demissões previstas só podem começar após essa data. Em São José dos Pinhais (PR), o plano prevê 1.420 cortes de um quadro de 3,7 mil trabalhadores, também sem garantia de emprego.

Com o acordo, os trabalhadores de Taubaté esperam garantir novos investimentos para a fábrica, afastando assim o risco de fechamento. A direção mundial da Volks insiste na necessidade de fechar uma fábrica no País. Além das três envolvidas no plano de reestruturação, o grupo tem uma filial de caminhões em Resende (RJ) e uma de motores em São Carlos (SP).

A implementação das medidas do plano de reestruturação e a viabilização de novos investimentos são os meios de garantir a sustentabilidade das operações no Brasil, disse Josef-Fidelis Senn, vice-presidente de Recursos Humanos da Volks do Brasil. (Agência Estado)

Volks confirma demissão de até 6 mil funcionários no País

Da Reportagem

A Volkswagen do Brasil confirmou ontem que pode cortar de 4 mil a 6 mil empregos até 2008, em um processo de reestruturação de suas atividades que vêm sofrendo prejuízos há oito anos. No último dia 20, o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC informou ter recebido documento da montadora com a projeção de cortes de empregos. Naquela ocasião, representantes da empresa não comentaram o assunto.

A subsidiária brasileira do grupo alemão anunciou no início de maio um plano de reorganização que poderia envolver demissões de milhares de funcionários para voltar à lucratividade em 2007. Desde então, a empresa vinha evitando falar sobre o número de cortes.

A primeira unidade atingida pelo processo será a de Taubaté, no interior de São Paulo, onde trabalham 4.500 pessoas e são produzidos os modelos Gol e Parati.

Em comunicado, a Volkswagen informou que fechou com o sindicato de Taubaté as bases de um acordo para a implementação das ações previstas no plano de reestruturação da empresa. A expectativa da companhia é que o acerto seja aprovado pelos empregados em assembléia a ser realizada nos próximos dias, para que então a empresa possa apresentar os resultados à matriz.

O gerente de Relações Trabalhistas da Volkswagen no Brasil, Nilton Junior, afirmou que os cortes na fábrica de Taubaté, de quantidade não revelada, podem começar já na semana que vem.

No momento não há negociação em curso com trabalhadores de outras unidades. Os 11.500 empregos na fábrica Anchieta, em São Bernardo do Campo, estão garantidos até novembro, quando termina o acordo em vigor com os metalúrgicos, exceto para aqueles que aderirem a planos de demissão voluntária (PDV).

Redução de salários

A proposta da Volkswagen aos trabalhadores é reduzir em 35% os salários de novos contratados e conceder 85% de reposição da inflação em reajustes salariais, deixando os 15% restantes vinculados ao cumprimento de metas. A empresa oferece ainda incentivo financeiro aos empregados que forem demitidos após acordos com os sindicatos.

A Volkswagen emprega no Brasil cerca de 21 mil pessoas na área de veículos e comerciais leves e tem quatro de suas cinco fábricas no País envolvidas no processo de reestruturação. De acordo com a gerência de Relações Trabalhistas da montadora, não está descartado o fechamento de uma das unidades.

Conselho da Baixada

O Conselho Sindical da Baixada Santista declarou apoio formal à luta dos metalúrgicos da Volkswagen pela manutenção de até 6 mil postos de trabalho que a empresa pretende fechar no País. O encontro, realizado na manhã de ontem, na sede do Sindicato dos Urbanitários, contou com a participação de empregados da montadora alemã.

Os representantes de 50 sindicatos da Região Metropolitana também demonstraram preocupação em relação à falta de uma política agrícola nacional. Isso estaria prejudicando o setor e colocando em risco cerca de mil postos de trabalho nas indústrias de fertilizantes de Cubatão. Endividados, os fazendeiros estariam reduzindo a compra de insumos para as plantações.

Câmbio: Empresa anuncia que reduzirá exportações

Agência Estado

De Brasília

A diretora para Assuntos Governamentais da Volkswagen, Elizabeth Carvalhaes, atribuiu ao câmbio a atual situação de constrangimento financeiro da empresa. Ela explicou que a Volks vem atravessando uma situação deficitária devido à estratégia desenvolvida no passado, de voltar grande parte da produção para a exportação. A receita cambial hoje não cobre os custos de produção. Por isso temos que reestruturar a exportação de forma a parar de gerar prejuízo no caixa da empresa.

A empresa entrou numa situação deficitária por ter optado por uma estratégia de exportação e chegamos a um ponto em que a única maneira de resolver a questão é reduzindo essas vendas, disse Elizabeth, destacando: Estamos numa situação absolutamente constrangedora financeiramente. Se a Volkswagen fosse exclusivamente nacional, ela seria concordatária neste momento.

A diretora da Volks veio a Brasília atendendo a convite para participar de audiência pública na Câmara dos Deputados. Ela vai informar aos parlamentares os motivos que levaram a empresa a formular o plano de reestruturação que, além de reduzir as exportações da empresa até 2008, deverá levar também ao enxugamento do seu quadro de pessoal de 4 mil a 6 mil funcionários, também até 2008.

De acordo com Elizabeth Carvalhaes, a Volkswagen exporta hoje 43% da sua produção e é esse grande volume que terá que ser reduzido. Nem a política nem a economia permitem acreditar que vai haver um reposicionamento do câmbio. Segundo ela, a empresa é responsável por 60% das exportações das montadoras filiadas à Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).

Elizabeth disse, ainda, que a redução das exportações trará impacto no ambiente de trabalho, daí as negociações com os sindicatos. Segundo o gerente corporativo de Relações Trabalhistas, Nilton Júnior, ainda não foi efetivada nenhuma demissão por conta do plano de reestruturação. (Agência Estado)

Diretora descarta proposta feita por deputados

Agência Estado

De Brasília

A diretora para Assuntos Governamentais da Volkswagen, Elizabeth Carvalhaes, rechaçou ontem a proposta dos parlamentares para que a empresa suspenda o plano de reestruturação que envolve a demissão de funcionários e participe de uma mesa de negociações em busca de uma solução para a montadora. Não podemos interromper o processo para esperar por uma solução.

Ela afirmou em audiência na Comissão de Desenvolvimento, Indústria e Comércio da Câmara dos Deputados que a situação financeira da Volkswagen é absolutamente constrangedora.

O gerente corporativo de Relações Trabalhistas, Nilton Júnior, explicou que as demissões estão sendo negociadas com os sindicatos e que devem começar pela unidade de Taubaté. Na maior unidade da montadora no País, que é a da via Anchieta, em São Bernardo do Campo, o programa só deve começar a partir de novembro quando vence o contrato de garantia do emprego firmado com o sindicato.

Depois de mais de seis anos de déficit, a Volks precisa de injeção de capital para fechar suas contas, disse a diretora. Ela explicou que, devido a essa situação, a empresa deixou de receber investimentos da matriz.

Na exposição que fez para os deputados, Elizabeth Carvalhaes culpou a atual política econômica pela situação quase falimentar da montadora. Segundo a diretora, a situação deficitária é consequência da estratégia de voltar grande parte da sua produção para o mercado externo.(Agência Estado)



Fonte: O Estado de S.Paulo