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19/07/2006 -

Trorion: prefeito promete ajudar

William Glauber

Do Diário do Grande ABC

Em greve por tempo indeterminado devido a atraso no pagamento de salários, 120 trabalhadores da Trorion, de Diadema, realizaram ontem passeata de uma hora entre a fábrica, localizada na Vila Nogueira, até o Paço Municipal, no centro da cidade. Sindicalistas e empregados da fabricante de colchões foram recebidos pelo prefeito em exercício, Joel Fonseca (PT), que prometeu entrar em contato com a direção da empresa, sem estabelecer prazo, a fim de conciliar o impasse.

Na Prefeitura de Diadema, uma comissão com dez trabalhadores e diretores do Sindicato dos Químicos do ABC (filiado à CUT) recebeu de Joel Fonseca a promessa de ajuda. O prefeito garantiu que contactará o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para solicitar investigação de denúncias de irregularidades trabalhistas por meio da Delegacia Regional do Trabalho.

Segundo trabalhadores da Trorion, o depósito do salário está atrasado 15 dias, cestas básicas estão três meses em falta e 13º salário e PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) são pagos aos empregados por meio de colchões. "Para receber tem de vender colchões", reclama uma trabalhadora que não quis se identificar.

Os trabalhadores, em segundo dia de paralisação, realizaram assembléia informativa. Logo cedo, o presidente do Sindicato do Químicos, Paulo Lage, e o coordenador regional da CUT-ABC, Cladeonor Neves da Silva, puxaram as falas. "Ninguém quer estar em greve. Queríamos estar lá dentro trabalhando e recebendo salário", disse o presidente do Sindicato.

Do alto do carro de som, o diretor sindical Wanderley Salatiel denunciou irregularidades na empresa. Segundo ele, a Trorion não efetua depósito de FGTS há cinco anos, não recolhe contribuição previdenciária ao INSS e ainda contrata irregularmente cooperativa para atuar na linha de produção.

O gerente de Recursos Humanos da Trorion, Newton Miranda Filho, admite dificuldades financeiras da empresa e atrasos no pagamento de salários. No entanto, ele destaca que, mesmo fora da data, pagamentos são efetuados mensalmente. Segundo o executivo, a empresa já passou por crises "piores" e vem progressivamente recuperando as finanças.

Segundo o gerente de RH, a direção do Sindicato dos Químicos não procurou formalmente a empresa para negociação. "A gente nunca fechou a porta para questões que pudessem resolver o problema. Fomos pegos de surpresa pela ação do sindicato. Com a paralisação, perco o norte porque preciso de produção para gerar receitas", argumentou.

Segundo o gerente, a empresa pretende liquidar "o mais rápido possível" as pendências nesta semana. Miranda garantiu que a Trorion está aberta ao diálogo. Sindicalistas disseram, no entanto, aguardar contato da empresa para definir estratégias de mobilização durante assembléia a ser realizada hoje às 8 horas.



Fonte: Diário do Grande ABC