21/07/2006 -
Racha entre empregados da Volks
Cleide Silva
Para sindicato do ABC, decisão da fábrica de Taubaté de negociar demissões é sinal de quebra de unidade
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, classificou como quebra de unidade a decisão dos trabalhadores da Volkswagen de Taubaté (SP). Na terça-feira, eles fecharam acordo com a empresa que implica corte de pessoal e de benefícios. Ontem, em assembléia realizada na fábrica de São Bernardo, a maior do grupo no País, com 12 mil funcionários, foi ratificada a posição da categoria de não negociar o plano de reestruturação proposto pela montadora.
"Fiquei bastante chateado porque entendo que, se tivéssemos persistido na unidade, a chance de um acordo bom para os trabalhadores aumentaria. A fragilidade da nossa unidade facilitou o trabalho da empresa", disse Feijóo. Segundo ele, os trabalhadores do ABC não vão "aceitar a lógica de demissões e cortes de direitos", mesmo com a ameaça da direção mundial da Volks de não liberar investimentos para a unidade.
A Volks pretende reduzir seu quadro no Brasil em 4 mil a 6 mil funcionários até 2008, de um total de 21 mil. Mais da metade dos cortes é na fábrica do ABC, onde há um acordo de garantia de emprego até novembro. Em Taubaté, a empresa ameaçava demitir de imediato.
Com o acordo, as dispensas serão por programa de voluntariado, com pagamento de salários extras para 160 funcionários este mês, mais 140 até dezembro e 400 até 2008. Se não conseguir adesões, a empresa indicará quem sai. Também haverá aumento do valor do plano de saúde e novos contratados terão salários menores. Em troca, a matriz confirmou investimentos para a produção de novos veículos na unidade.
"Ao optar pela negociação, os companheiros de Taubaté podem ficar fragilizados", disse Feijóo. Os trabalhadores das filiais de São José dos Pinhais (PR) e de São Carlos (SP) também não concordaram em negociar o plano de reestruturação. Das cinco fábricas no País, só a de Resende (RJ), que produz caminhões, está fora do plano.
Taubaté tinha situação diferenciada das demais, justificou o vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Isaac do Carmo. "Temos clareza de que o fato gera desgaste entre os trabalhadores, mas não é quebra de unidade." Logo após o anúncio das demissões, em maio, representantes dos trabalhadores da Volks do Brasil fizeram mobilização conjunta. Um grupo foi à Alemanha discutir uma ação mundial, que acabou se restringindo à manifestações de solidariedade. Na Europa, a Volks pretende demitir 20 mil pessoas.
Fonte: O Estado de S.Paulo
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