22/07/2006 -
Metade dos vigilantes de Bauru é clandestina, segundo sindicato
Da Redação
Os vigilantes estão nos bancos, shoppings, indústrias e condomínios, no entanto, pouca gente sabe que é preciso ter curso de formação e registro na Polícia Federal para exercer a profissão. Segundo o Sindicato dos Vigilantes de Bauru e Região, cerca de 50% do total de profissionais da cidade trabalham de forma clandestina. Para a classe, existem dois grandes vilões: as entidades que contratam o serviço, mesmo sabendo dos perigos, e as "falsas" empresas de segurança que oferecem o trabalho de forma terceirizada, sem possuir registro e profissionais treinados.
O presidente do Sindicato dos Vigilantes de Bauru e Região, José Antônio de Souza, afirma que, na cidade existem 600 vigias registrados na Polícia Federal. No entanto, estima que a mesma quantidade (600) atua na clandestinidade. "Esse número varia a cada mês, mas acredito que tenhamos a mesma quantidade agindo sem autorização", explica.
Para o proprietário de um centro de formação de vigilantes de Bauru, José Roberto Zamboni, o principal chamariz é o preço cobrado pelos irregulares, que é muito mais em conta do que os serviços prestados por uma empresa legalizada. "Não digo que você não possa encontrar pessoas preparadas. Mas existem grupos que oferecem o trabalho e não têm os registros e certidões necessárias. Além disso, não são legalizados, não pagam impostos. Por tudo isso, o preço é mais barato e as pessoas contratam", explica Zamboni.
Segundo Souza, existem empresas que prestamserviços de portaria e vigia, sem possuir autorização. "Terceirizados colocam funcionário na função de vigilante, mas na verdade ele não é. A maioria não tem curso e não é legalizado", relata.
Outro fator relevante para o alto número de clandestino é a "vista grossa" dos contratantes. Para Souza, empresas de Bauru utilizam vigilância clandestina com ciência da falta de documentos que regularizem o trabalho. "Os errados não são só os clandestinos, são aqueles que contratam o serviço, mesmo sabendo da falta de autorização para atuar. Desse jeito, a prática se prolifera", conclui.
Zamboni acredita que a maioria dos clandestinos atuam na segurança de eventos. "Geralmente, eles fazem segurança em festas, boates, shows e alguns em indústrias", aponta. Para ele, os perigos são grandes tanto para contratados quanto contratantes. "Um desses clandestinos pode se acidentar, ter um mal súbito, até sucumbir. Aí quem vai responder por isso? Na maioria das vezes, o contratante", explica.
Segundo Zamboni, existem várias desvantagens em se contratar um serviço de vigilância sem registro no órgão competente. "Pessoas sem a formação de vigilante não têm experiência no trato com o público e no gerenciamento de tumultos. Geralmente, não sabem a quais autoridades recorrer em casos extremos. Muitas vezes trabalham isolados, ou com contingente limitado, não podendo apelar para reforço", explica. Para ele, equipamento e preparação são os diferenciais das empresas registradas.
Clandestina é a pessoa que trabalha no ramo de segurança patrimonial sem possuir a devida formação; ou que tenha registro, mas não esteja vinculado a uma empresa de segurança (terceirizados, regularizados, que fornecem o serviço) ou empresa de segurança orgânica (indústrias e empresas que contratam seguranças como funcionários para fazer a própria vigilância).
Fiscalização
A responsável pela fiscalização das empresas do ramo de vigilância é a Comissão de Segurança Privada da Polícia Federal (PF). Segundo a PF, esse trabalho é realizado, principalmente, através de denúncias feitas pelo sindicado e por empresas regularizadas que atuam no ramo.
A PF afirma, também, que o seu efetivo atual não é suficiente para atuar em toda a sua região de cobertura. No entanto, vem dobrando esforços e intensificando a fiscalização.
Empresas que forem flagradas disponibilizando serviço de vigilância sem regularização são autuadas e fechadas. Contratantes também podem ser multados.
Fonte: Jornal da Cidade
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