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25/07/2006 -

MST faz 1º invasão em Roraima

RECIFE - O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fincou ontem sua bandeira em Roraima, com a ocupação da antiga Fazenda Bamerindus, a 30 quilômetros de Boa Vista. "Chegamos à região para frear o agronegócio",disse Jaime Amorim, integrante da direção nacional e encarregado de liderar a mobilização de sem-terra na área, exportando a "tecnologia de invasão" do Nordeste.

Na Amazônia, nova fronteira do MST, o objetivo maior será, segundo Amorim, "a defesa da biodiversidade, da demarcação e respeito das terras indígenas e da agricultura camponesa". Agora, o movimento está presente em 24 estados brasileiros - só não sofreram invasões do movimento os estados do Amazonas, Acre e Amapá.

"Isto aqui é um campo vasto e fértil, que está atraindo grandes empresários da soja, do gado e do arroz", avaliou Amorim ontem, referindo-se à terra ocupada no domingo por 220 famílias. Na área, segundo fontes do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), funcionava um projeto de assentamento que havia dividido a fazenda, de cerca de 70 mil hectares, em 903 lotes - alguns já com assentados. O MST sustenta que a área estava sendo invadida por grandes produtores privados.

Amorim está acompanhado, na nova missão, de dirigentes regionais do movimentonno Pará e Maranhão. O dirigente calcula que existam cerca de 30 mil famílias de agricultores sem terra em Roraima, à espera de organização.

"Estamos aqui para ajudar os companheiros a construir um modelo de assentamento sustentável, de forma que se possa conviver com a floresta e o extrativismo de madeira e produzir alimentos", disse ele, ao observar que os assentamentos do Incra na região são "tradicionais" - o que significa entregar um pedaço de terra ao assentado e depois abandoná-lo sem infra-estrutura ou apoio.

"Eles terminam abandonando a terra e indo pedir esmola na cidade", complementou Alexandre Conceição, outro dirigente atuante em Pernambuco e que visitou Roraima algumas vezes este ano para estudar a região como parte da estratégia do MST nacional.

"Roraima é uma terra de ninguém", destacou Conceição, já de volta a Pernambuco. "Lá é preciso reivindicar e implantar políticas públicas para os agricultores da região, como habitação, educação, distribuição de sementes e assistência técnica." "Vamos continuar incomodando", avisou o dirigente, disposto a barrar o que considera invasões privadas.t

Fonte: Tribuna da Imprensa