28/07/2006 -
Desemprego e renda crescem
A taxa de desemprego apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nas seis principais regiões metropolitanas do País subiu para 10,4% em junho, ante 10,2% em maio, e foi bem superior à registrada em junho do ano passado (9,4%). No cenário de elevação da taxa, houve continuidade dos bons resultados no rendimento médio real dos trabalhadores, que subiu 0,5% em relação a maio e 6,7% na comparação com junho de 2005.
No primeiro semestre do ano, a taxa média foi de 10,1%, ante 10,3% em igual período de 2005. Para o IBGE, a taxa de desemprego não apresenta "variação significativa" desde fevereiro. Para o coordenador da pesquisa, Cimar Azeredo, a economia não está aquecendo o suficiente para permitir uma reação mais forte do mercado de trabalho, com maior geração de vagas.
A análise é compartilhada por Guilherme Maia, da Tendências Consultoria, para quem a taxa atingiu um patamar "natural, de equilíbrio" em relação à conjuntura econômica. Para ele, a taxa de desemprego só voltará a cair com uma "mudança mais estrutural" na economia, que signifique crescimento contínuo e consistente. Maia acredita que a taxa de desemprego permanecerá no mesmo nível no segundo semestre.
Isto porque os investimentos das empresas estão voltados para compras de bens de capital e não para abertura de vagas. Já para Azeredo, talvez as taxas de juros ainda não tenham caído o suficiente para estimular os investidores na abertura de novas vagas, e a realização de eleições pode estar gerando alguma insegurança nos empresários.
Estagnação
Apesar da estagnação na taxa de desemprego, Azeredo e Maia vêm uma melhora qualitativa no mercado de trabalho em junho. O coordenador da pesquisa destaca o aumento no rendimento e a continuidade da formalização do mercado - com maior número de vagas com carteira assinada - como dados positivos da pesquisa.
Para Maia, esse processo deverá prosseguir nos próximos meses. O rendimento médio real dos trabalhadores chegou a R$ 1.033,50 em junho deste ano e, ainda que não tenha retornado ainda ao patamar de dezembro de 2002 (R$ 1.067,35) prossegue em trajetória de alta, que Azeredo atribui à maior formalização do mercado, ao aumento do salário mínimo e à inflação sob controle. No primeiro semestre, o rendimento cresceu 4,4% ante igual período de 2005.
Desocupados
Ainda segundo a pesquisa, o crescimento de 14,1% no número de pessoas desocupadas (sem trabalho e procurando emprego) em junho ante igual mês do ano passado representou a maior variação nessa base de comparação apurada pelo IBGE desde novembro de 2003.
O número de desocupados nas seis regiões metropolitanas pesquisadas chegou a 2,34 milhões de pessoas em junho, com aumento de 289 mil desempregados em relação a junho de 2005. Houve aumento de 3,5% no número de desocupados em junho ante maio.
Azeredo disse que junho é um mês em que tradicionalmente as pessoas retornam ao mercado de trabalho em busca de uma vaga, já que a economia começa a aquecer no final do primeiro semestre, com as encomendas à indústria para o final do ano.
Para ele, a realização das eleições, com geração de vagas temporárias, pode ter intensificado esse estímulo sazonal. O número de ocupados também cresceu, mas não o suficiente para absorver os desocupados. Houve aumento de 0,9% nos ocupados em junho ante maio e de 1,6% ante junho do ano passado. Foram geradas 310 mil vagas em junho em comparação a igual mês de 2005. O total de ocupados nas seis regiões somou 20,14 milhões em junho.t
Fonte: Tribuna da Imprensa
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