NOTÍCIAS - Brasil

28/07/2006 -

Sônia Racy

Emprego: mercado de trabalho não enfraqueceu

Quem recebeu ontem os dados de emprego divulgados pelo IBGE e os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados, do Ministério do Trabalho, pode duvidar que eles se referem ao mesmo país e mês. Enquanto o IBGE traz uma manchete pessimista - "a taxa de desemprego subiu de 10,2% em maio para 10,4% em junho" -, o MTE parece estar no melhor dos mundos ao anunciar que, "pelo sexto mês consecutivo, o país registra expansão do emprego com carteira assinada, registrando em junho a geração de 155.455 postos de trabalho". Confusão? Quem está com a razão? Simples: ambos. O fato é que cada índice traz um tipo de análise diferente do mesmo objeto, o emprego. Os dados do Caged são o resultado da diferença entre demissões e admissões, ou seja, são os números líquidos do emprego formal. Já os dados do IBGE são obtidos entre os que estão procurando emprego.

Mas, de novo, o emprego está ou não crescendo? Segundo Vladimir Caramaschi, economista da Fator Corretora, os números do IBGE, apesar da alta registrada na comparação com maio, não apontam para um enfraquecimento do mercado de trabalho. Isso porque a taxa maior de desemprego do IBGE decorreu de uma outra alta inesperada, a da População Economicamente Ativa (PEA), que acabou superando a elevação no número de pessoas ocupadas.

E como é calculado o PEA? Pergunta-se para a população acima de 10 anos se ela está ocupada ou se procurou emprego nos últimos 30 dias. Se a resposta for negativa, essa pessoa está fora da PEA. "Isso faz com que, às vezes, a melhora no mercado de trabalho provoque uma alta da taxa de desemprego, na medida em que pessoas que haviam desistido de procurar um emprego (estando, portanto, fora da PEA) voltam a fazê-lo", explica Caramaschi. E essa leitura favorável é reforçada, segundo ele, pela alta de 0,5% no rendimento médio real.

O Iedi, nos seus novos tempos, destacou justamente como o mais importante dos números do IBGE, o do crescimento no rendimento médio real lembrando tratar-se da quinta variação positiva na margem registrada em 2006.

IMPRESSÃO DIGITAL

Para o especialista em câmbio Emílio Garófalo, as medidas anunciadas pelo governo têm, antes de tudo, o mérito de desconstitucionalizar a questão cambial. "Este assunto não é um assunto a ser tratado em lei e sim no Conselho Monetário Nacional (CMN), que tem a flexibilidade de lidar com a questão conforme a demanda da economia", ressaltou ontem, traçando um paralelo entre as medidas e o controle do depósito compulsório no mercado financeiro. "O CMN analisa a situação e decide de quanto será o compulsório. O mesmo vai acontecer com o limite de 30%, estipulado para exportadores manter lá fora."

NA FRENTE

MENO MALE

Após leitura da Ata do Copom divulgada ontem, Alexandre Póvoa, do Modal Asset, destaca: o BC começa a sugerir mais explicitamente que seria mais adequado um reajuste ainda em 2006 dos combustíveis.

Ele não prejudicaria o alcance da meta de inflação este ano. Já se ocorrer no ano que vem...

DESLEIXO

Ao ligar ontem para a Infraero, em Cumbica, com intenção de saber horários de vôos, um leitor desta coluna atendeu ao pedido eletrônico e discou 4 para contato com linhas aéreas.

E ouviu. Disque 2 Air France, 3 American Airlines, 4 Aerolíneas Argentinas, 5 Alitalia, 6 British Airways, 7 Lufthansa, 8 Varig, 9 Vasp. E só.

Tudo bem que em Guarulhos existem muitas empresas, mas ter Aerolíneas e Vasp e não ter TAM, United, Gol, Jal, Iberia?

MALFEITO

Quando o governo lançou o pacote de obras "tapa-buracos", diversas empreiteiras de porte se recusaram a participar dizendo que o modelo não passaria pelo TCU.

Dito e feito. O TCU orientou o governo a não pagar R$ 490 milhões às empresas contratadas.

PRODUTORES DE LARANJA

A Associtrus critica o fato de o Cade ter intenção de assinar dia 16, acordo de cessação das investigações por prática de cartel com as indústrias de suco de laranja . Mesmo com a multa imposta de R$ 100 milhões às empresas.

"O acordo fará com que a indústria se retire das negociações, negando-se a pagar o abono de US$ 1,20 por caixa para esta safra e, principalmente, a discutir o Consecitrus, que objetiva criar condições mais justas e permanentes entre a indústria e a citricultura ", observa Flávio Viegas.

PRODUTORES DE LARANJA 2

E mais. Viegas diz que "quando lembramos que a última campanha do presidente Lula foi financiada pela Cutrale e que a indústria contribui para vários programas sociais do governo, infelizmente nos questionamos sobre as verdadeiras intenções desse acordo."

PONTO A FAVOR

Registro interessante da RC Consultores de ontem. A inflação acumulada nos últimos 12 meses no Brasil é de 4,03%, menor do que a variação da inflação americana (IPC) no mesmo período, de 4,22%.

Desde o biênio 1947-1948, quando os EUA estavam financiando a reconstrução da Europa no pós-Guerra, o Brasil não tinha um intervalo de 12 meses com variação de preços ao consumidor menor que a dos EUA.

Curtas

A Bovespa melhorou, descolando do cenário externo, mas continua patinando por falta de fluxo. Pelo jeito, as coisas só vão melhorar com o fim das férias no Hemisfério Norte.

O Citigroup e a Fundação Abrinq investem R$ 1 milhão no Projeto Empreendedorismo Juvenil e Microcrédito, que apóia jovens entre 18 e 24 anos interessados em abrir um pequeno negócio.

O risco Brasil tomou rumo contrário ao dos demais países emergentes. O risco dos emergentes subiu 0,51% e o do Brasil caiu 3,52%.



Fonte: O Estado de S.Paulo