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03/08/2006 -

Ogmo está quebrado, dizem sindicalistas

Da Reportagem

O Órgão Gestor de Mão-de-obra (Ogmo) está quebrado financeiramente, responde a cerca de 5 mil ações trabalhistas na Justiça e vem sendo obrigado a depositar em juízo, mensalmente, R$ 100 mil, para indenizações futuras. As denúncias, negadas pela direção do órgão, foram feitas em um programa de televisão pelos presidentes dos sindicatos dos Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva; dos Vigias Portuários, Jorge Fonseca; e dos Rodoviários, Valdir Pestana.

Segundo Jorge Fonseca, o que está acontecendo é o que se pode chamar de administração temerária. O Ogmo já deve uma bolada de dinheiro e ainda vai dever muito mais, por causa das ações trabalhistas.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários, Valdir Pestana, completa: O pior é que, depois, esse passivo acabará ficando com o Governo.

Rodnei diz que o prédio do Ogmo, na Avenida Conselheiro Nébias, 255, já sofre ações de penhora: Se quebrar, ou falir, os operadores, que realmente mandam no Ogmo, vão querer fazer outro órgão gestor. Infelizmente, é assim que as coisas funcionam no Brasil. Aí, resta saber quem pagará as dívidas trabalhistas. O erário?.

Custo Brasil

Os três sindicalistas estimam que o Ogmo investiu R$ 6 milhões em equipamentos para implementar a escala eletrônica e que gasta R$ 1 milhão, mensalmente, para escalar os trabalhadores avulsos. Rodnei, Fonseca e Pestana lembram que os sindicatos sempre escalaram os portuários avulsos manualmente e sem custos.

Tiraram dos sindicatos um sistema que funcionava direito para criar essa confusão com a escala eletrônica. E agora? Quem paga por isso? Na verdade, os gastos desnecessários acabam compensados com prejuízos aos trabalhadores e embutidos nas tarifas, aumentando o chamado Custo Brasil, disse Pestana.

Reunião

A reunião dos dez sindicatos de avulsos do porto que havia sido marcada para ontem, às 10 horas, na sede do pessoal do bloco, foi adiada para amanhã, no mesmo horário e local.

Os sindicalistas avaliarão a audiência de segunda-feira com o promotor do Ministério Público do Trabalho (MPT) Eduardo Parmegianni, em São Paulo. E definirão estratégias quanto à escala eletrônica e campanha salarial, temas da audiência com o promotor Ronaldo Curado Fleury, em Santos, prevista para a próxima terça-feira.

Para gerência do órgão gestor, acusações são mentirosas

Da Reportagem

Contatado por A Tribuna para se manifestar sobre as acusações dos dirigentes sindicais, o gerente de Operações do Ogmo, Nelson De Giulio, foi enfático: Essa é a mais absoluta mentira que já ouvi nestes 25 anos de trabalho no porto.
Ele admitiu, porém, que existem 1.800 ações trabalhistas contra o Ogmo, a maioria delas por conta da tentativa de implantação, em 1998, do Plano de Demissão Voluntária (PDV), que acabou não vingando. Temos também algumas ações referentes ao vale-transporte e sobre o horário de escalação de trabalhadores no período da 1 às 7 horas, que hoje é feita às 18h30.
Ele ponderou que, em função das reclamações, o Ogmo vai providenciar mudanças no prazo máximo de dois a três meses, passando a fazer às 23h30 a escala do serviço durante a madrugada. Nossa intenção com o atual sistema era de beneficiar os trabalhadores, mas, se eles não pensam assim, voltaremos a fazer quatro escalações por dia.
De Giulio confirmou que o Ogmo investiu cerca de R$ 6 milhões na aquisição e instalação de equipamentos para o funcionamento da escala eletrônica. Mas negou que os gastos mensais com a escalação dos trabalhadores avulsos tenham crescido em função da implantação do novo sistema.
Pelo contrário, as despesas caíram, pois reduzimos de 61 para 41 o número de escaladores. Além disso, os investimentos feitos para atender as exigências do ISPS Code melhoraram a qualidade dos postos de serviço, tanto que hoje eles são modelo para outros portos brasileiros.
Prédio
De Giulio negou, também, que o prédio do Ogmo esteja sofrendo ações de penhora e disse que esse tipo de denúncia é uma característica de pessoas que não acompanham o dia-a-dia do órgão. Eles (os dirigentes sindicais autores das denúncias) deveriam se ater às entidades que presidem. Eu, por exemplo, não interfiro na administração dos sindicatos.



Fonte: A Tribuna