04/08/2006 -
Metalurgia lidera conquista de PLR
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
Categoria com histórica atuação sindical e expressiva capacidade de organização dos trabalhadores no Grande ABC, o ramo dos metalúrgicos registra o maior número de pagamentos de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados) do país. Levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgado quarta-feira revela que, de 123 acordos firmados no ano passado, 45 asseguraram o benefício aos empregados da metalurgia (36,6%).
Os químicos, também com presença marcante no cenário econômico da região, conquistaram a segunda colocação no ranking de pagamento de PLR ao longo de 2005. O estudo do Dieese mostra que a categoria garantiu 17 acordos entre trabalhadores e setor patronal para a divisão dos lucros e resultados (13,8%). Com projeção nacional, as categorias em destaque metalúrgicos e químicos apontam para o sucesso das negociações de PLR na indústria.
Dessa forma, justamente o principal setor produtivo a indústria emerge com o maior número de acordos para pagamento de PLR do país. Do total de documentos pesquisados pelo departamento, 73% concentram-se no setor econômico de atividade industrial (90). Logo atrás, posiciona-se serviços, com 13,8% dos acordos (17), seguido, praticamente em empate, por comércio, com 13% das PLRs (16).
O cruzamento de dados da pesquisa publicada quarta-feira pelo Dieese com resultados de estudo sobre greves, divulgado em maio passado, mostra também que a maior parte das paralisações na indústria ocorreram por pagamento de PLR. Do total de 86 greves no setor, 29 aconteceram por conquista do benefício (33,7%), enquanto reajuste salarial somou 27 paralisações (31,4%). Nesse contexto de embate, destaque mais uma vez para os metalúrgicos, ao registrarem 23 greves por PLR.
Evolução Dois argumentos apresentados por técnicos do Dieese justificam a acentuada concentração de pagamento de PLR na indústria: empresas de grande porte econômico e maior tradição da ação sindical. "Categorias de empresas mais organizadas e com sindicatos mais fortes conseguem acordos em maior quantidade e com melhores valores de participação", constata o organizador do estudo, o economista Airton Gustavo dos Santos, do Dieese.
Com a atuação do sindicalismo nas negociações por PLR e a conquista progressiva de novos acordos nas principais categorias de trabalhadores do país, a exigência por participação nos resultados das empresas ganha maturidade. Segundo Santos, a PLR apresenta-se atualmente de forma importante como "bandeira" do movimento sindical para reivindicação e mobilização, por provocar, por exemplo, greves.
O economista do Dieese diz também que a estabilidade da economia brasileira, assistida desde 1994 com o Plano Real, ao sepultar os altos índices inflacionários, desloca gradativamente a reivindicação principal do reajuste salarial na data-base para a negociação de PLR. "À medida que a inflação diminui, as reivindicações salariais mudam e a PLR se torna uma maneira de aumentar a renda do trabalhador", avalia Santos.
Embora a PLR seja instrumento para fortalecer a renda do trabalhador, o coordenador de Desenvolvimento e Estudos do Dieese, Ademir Figueiredo, pondera que o benefício difere de abono salarial. "Quando a lei de regulamentação de PLR foi introduzida em forma de MP (Medida Provisória) no final de 1994, as empresas passavam o peso do reajuste para uma renda variável, a PLR. A partir de 2000, o pagamento de PLR passa a ser específico para cumprimento de metas, atrelado aos resultados", relembra o pesquisador.
Vantagens Hoje, segundo o técnico Miguel Huertas, do Dieese, trabalhadores e empresas tiram proveito dos programas de participação nos resultados. "A PLR é também interessante para as empresas porque gera aumento da produtividade. Muitas vezes, no ano seguinte, são as empresas que chamam os trabalhadores para a negociação", conta o economista. Dessa forma, observa-se que as metas para pagamento do benefício, como absenteísmo, qualidade e nível de produção, influem diretamente na rentabilidade das companhias.
Químicos do ABC garantem PLR acima de R$ 440
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
Os 40 mil químicos do Grande ABC receberam, no mínimo, R$ 440 em PLR (Participação dos Lucros ou Resultados) no ano passado. Cláusula da convenção coletiva, acordada entre setor patronal e o Sindicato dos Químicos do ABC (filiado à CUT), assegura a todos os trabalhadores da categoria indistintivamente o recebimento do benefício.
Embora o valor pouco acima do salário mínimo pareça modesto, as PLRs das empresas do Pólo Petroquímico de Capuava ultrapassam tranqüilamente os valores ofertados pelas montadoras, por exemplo. Nas indústrias dos municípios de Mauá e Santo André, a participação, dependendo do salário do empregado, gira em torno de R$ 10 mil. Somente em 2005, os químicos receberam cerca de R$ 50 milhões em PLR.
O presidente do Sindicato, Paulo Lage, comemora o fato de o pagamento de PLR atingir a totalidade da categoria da região. "Todos os químicos do Grande ABC recebem PLR. E o nosso setor conquistou os melhores valores", lembra o sindicalista. Lage destaca que, respeitadas as particularidades de cada empresa, os valores dos benefícios são gratificantes.
Para conquistar o pagamento de PLR, o Sindicato realiza trabalho ostensivo nas indústrias do Grande ABC. "Esse benefício é uma bandeira do sindicato. Temos um time de diretores sindicais que andam pelas empresas somente para acertar os valores. Isso durante o ano inteiro, porque são mais de 900 empresas na base para negociar", destaca Lage. O sindicalista conta também que a entidade de representação acompanha todas as negociações de PLR da categoria.
Economia recebeu R$ 330 milhões
William Glauber
Do Diário do Grande ABC
Ao embolsar anualmente os pagamentos de PLR (Participação nos Lucros ou Resultados), os metalúrgicos do Grande ABC abrem sorrisos largos. Os 143 mil trabalhadores de indústrias das sete cidades injetaram em torno de R$ 330 milhões na economia por meio dos benefícios. Nas montadoras, o valor de PLR girou em R$ 5 mil e, em alguns casos, chegou a R$ 7 mil.
Na região, poucas manifestações marcaram os processos de negociação. O caso destoante é o da Volkswagen, que, após 26 dias de greve, pagou R$ 4.750 aos metalúrgicos da Anchieta, em São Bernardo, conforme determinou a Justiça do Trabalho. De forma dialógica, acordos liderados pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT) ajudaram a colocar R$ 260 milhões na economia.
O presidente da entidade, José Lopez Feijóo, conta que a cada ano aumenta o número de acordos fechados e melhoram os valores das PLRs . "Conquistamos PLR em novas empresas. Às vezes, há resistência na negociação dos valores, mas, de forma geral, o resultado tem sido bastante positivo", conta o sindicalista. Em 2005, a Daiwa Sanches, de Diadema, com 650 trabalhadores, negociou a primeira PLR no valor de R$ 1 mil.
Em São Caetano, o presidente licenciado do Sindicato dos Metalúrgicos (filiado à Força), Aparecido Inácio da Silva, o Cidão, à frente das negociações de 2005, destaca que 90% dos empregados do ramo contam com PLR. "Para isso, mobilizamos os trabalhadores e pedimos discussão com as empresas." Somente em 2005, o benefício circulou mais de R$ 50 milhões na economia.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André (filiado à Força), Cícero Firmino da Silva, o Martinha, comemora o pagamento de R$ 15 milhões de PLR a 80% da categoria, distribuída também em Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra. "O pagamento de PLR não tem encargo e ainda há o envolvimento dos trabalhadores na qualidade da produção. As empresas têm utilizado a PLR para atender interesses próprios. O empregado vende a força de trabalho com mais qualidade, mas recebe financeiramente em troca", considera o sindicalista.
Fonte: Diário do Grande ABC
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