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05/08/2006 -

GM pára de cortar e está contratando 1.270 pessoas

Lana Pinheiro e William Glauber

Do Diário do Grande ABC

Dois meses e meio após anunciar a necessidade de reestruturar as operações brasileiras, o presidente da General Motors, Ray Young, informa que a situação da fábrica de São José dos Campos, no interior do Estado, está equacionada. Dos 960 postos a serem eliminados inicialmente, a empresa assegurou o fechamento de 860 e, com o resultado, se dá por satisfeita. Agora, a GM trabalha para cumprir a meta de contratar 970 novos trabalhadores em Gravataí (RS) e outros 300 engenheiros em São Caetano, no Grande ABC.

Young preferiu não falar em cortes, mas em admissões a programas incentivados pela empresa para reajustar a quantidade de postos de trabalho à produção da unidade do Vale do Paraíba. "Abrimos PDVs, Programas de Demissões Voluntárias, e programas de transferência dessa para outras unidades do grupo. Estamos satisfeitos com os resultados."

Segundo informações do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos (filiado ao Conlutas), 448 trabalhadores, de um total de 9,8 mil empregados, aderiram ao PDV e deixaram espontaneamente a empresa. Para reduzir o quadro de pessoal no interior, a GM ofereceu também a possibilidade de transferência para Gravataí e São Caetano. No mínimo, 35 trabalhadores trocaram a fábrica do Vale do Paraíba pelas unidades do Rio Grande do Sul ou Grande ABC.

Mais duas vias foram usadas pela empresa para reduzir a quantidade de vagas em São José dos Campos. Uma delas foi a não renovação de contratos de serviço por tempo determinado e, a outra, a suspensão de cerca de 250 contratos de trabalho até novembro. Se, até lá, houver a necessidade de incrementar a produção, esse contingente pode voltar ao trabalho progressivamente. A montadora não confirma o número de adesões aos programas.

O diretor-financeiro do Sindicato dos Metalúrgicos, Vivaldo Moreira, estima 210 trabalhadores no lay off até novembro. Na sexta-feira da semana passada, os empregados da GM deram fim à primeira etapa de negociação ao aceitarem as propostas apresentadas pela direção da montadora. "Encerramos tudo em assembléia", conta o sindicalista.

Ao finalizar a mobilização dos trabalhadores contra os cortes na unidade do interior, com paralisações de advertência e fechamento da Via Dutra, por exemplo, o Sindicato de São José se lança agora a um novo desafio: garantir o retorno dos trabalhadores com contratos suspensos às linhas de produção.

No primeiro mês de braços cruzados em casa, os empregados da GM recebem 100% do salário, mas, a partir do segundo mês, a remuneração cai para 80% dos rendimentos. "O pessoal está apreensivo. A empresa ainda tem a pretensão de demitir, mas vamos tentar reverter isso até o fim do ano e queremos que, aos poucos, parte dos trabalhadores já comece a voltar", almeja Moreira.



Fonte: Diário do Grande ABC