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09/08/2006 -

Alvo definido

Quatro agentes penitenciários recebem ameaças de morte, diz sindicato

Agência BOM DIA

Os representantes dos agentes penitenciários João Nogueira Sampaio e Reinaldo Soriano: categoria coagida pelo crime

Quatro agentes penitenciários, três de Bauru e um de Balbinos, estão ameaçados de morte. A informação foi revelada ontem por representantes do Sindcop (Sindicato dos Trabalhadores Públicos do Complexo Penitenciário do Centro Oeste Paulista) em Bauru.

O assunto vem sendo tratado sob sigilo desde a noite de 27 de julho, quando uma reunião a portas fechadas foi realizada para discutir o caso entre colegas de profissão.

Até então, os agentes ameaçados, que não tiveram nomes revelados, trabalhavam no CDP (Centro de Detenção Provisória), IPA (Instituto Penal Agrícola) e Penitenciária 1, todos de Bauru, e em uma das penitenciárias de Balbinos.

Uma das ameaças, segundo o vice-presidente do Sindcop, Reinaldo Soriano, foi feita diretamente a um dos agentes. As demais, por meio de terceiros. Dos quatro ameaçados, os agentes que trabalhavam no IPA e na Penitenciária 1 estão afastados do serviço e fora de Bauru. "Um agente, que trabalhava no IPA foi embora da cidade com a família", diz João Nogueira Sampaio, presidente do Sindcop.

Os agentes do CDP e da penitenciária de Balbinos continuam trabalhando.

"Até a noite do dia 27, o sindicato tinha a informação de ameaça contra dois agentes. Na reunião com o comando da Polícia Militar, aqui no sindicato, ficamos sabendo dos outros dois casos", diz Soriano.

Ele conta que o Sindcop teve conhecimento das ameaças também com ajuda dos próprios presos.

A PM levantou o caso por meio do seu serviço de investigação. "O que chegou até a gente foi que os criminosos detidos na região, ligados ao crime organizado, estavam sendo ameaçados por seu comando pelo fato de não terem ocorrido ataques contra agentes penitenciários no centro-oeste do Estado. Por conta disso, eles não tinham mais como deixar de colocar isso em prática e estavam preparando estas ações", afirma o vice-presidente do Sindcop.

Soriano diz, ainda, que por causa das ameaças solicitou reunião com o comando da Polícia Militar para discutir o assunto e buscar medidas de segurança para os agentes.

"Naquele dia, após a reunião, ficamos até quatro horas da manhã nas unidades prisionais de Bauru para alertar os agentes sobre o que poderia ocorrer", acrescenta. Um panfleto informativo foi preparado e distribuído aos agentes que atuam nos presídios de Bauru.

"Nossa missão é orientar a categoria para buscar a superação desses momentos difíceis", finaliza.

Presos soltos do IPA organizam ataques

A organização dos ataques aos agentes, segundo a direção do Sindcop, estava diretamente ligada à liberdade dada a três detentos do IPA que teriam ligações com o PCC (Primeiro Comando da Capital).

Destes presos, dois são de São Paulo e um de Bauru.

"Estes presos, principalmente os de São Paulo, não foram para lá. Eles se esconderam em uma cidade da região, que não posso revelar, organizando a ação", diz o Reinaldo Soriano, vice-presidente do Sindcop.

O representante dos agentes no sindicato revela, ainda, os serviços de inteligência das polícias Militar e Civil teriam interceptado conversas telefônicas dos presos soltos do IPA que revelavam planos para atacar os agentes penitenciários.

Troca de tiros

Por conta das conversas ouvidas, Soriano diz que a polícia chegou a trocar tiros com um dos três presos, durante uma ação no Núcleo Geisel, na semana passada.

"Foi uma ação sigilosa", garante. Ele afirma, contudo, que dos presos que estariam "organizando atos criminosos" contra os agentes, nenhum foi detido.

Um dos agentes ameaçados procurou o Sindcop na tarde do dia 27 em busca de ajuda. "Ele entrou aqui assustado, dizendo que sua mãe lavava a frente da casa quando três motoqueiros, com passageiros nas garupas das motos pararam em frente a casa e perguntaram se lá morava algum agente. A mãe, por perceber que poderiam ser bandidos, negou", afirma Soriano.

"No mesmo dia, estes três motoqueiros foram vistos perguntando, em uma outra região, informações sobre outro agente", revela.

Não temos o que fazer

O presidente do Sindcop, João Nogueira Sampaio, é categórico ao falar sobre a ameaça de ataques criminosos que, apesar de programados para o final de semana, começaram ontem no Estado.

"Vamos fazer o quê? Não temos como nos precaver. O Estado e a União perderam o controle da situação", avalia. Para ele, por mais que o sindicato oriente os agentes a tomar cuidado, "nunca se sabe o que vai ocorrer".

Sampaio diz que a categoria, pelo menos na região de Bauru, também não deve se reunir para promover ato de protesto. Ele conta que a aglomeração de agentes poderia resultar em novas ações dos criminosos. "Os agentes estão com medo. Nem das assembléias na sede do sindicato estão participando para não chamar atenção", afirma.

 

Fonte: Bom Dia Baurú