10/08/2006 -
Informalidade tornou-se traço estrutural na economia brasileira, diz Ipea
Valor Online
BRASÍLIA - A informalidade, que concentra mais da metade da força de trabalho, tornou-se um " traço estrutural " da economia brasileira desde 1995. Essa é a avaliação do presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Luiz Henrique Proença, ao divulgar o segundo livro da série " Brasil, o estado de uma nação " .
Segundo Proença, coincidiu com o início da estabilização do Plano Real a mudança no comportamento da informalidade. Antes, se havia desemprego, aumentava a ocupação informal e se a economia crescia, reduziam-se as vagas sem carteira assinada.
Nos últimos 11 anos, entretanto, aconteça o que acontecer na economia, a informalidade continua em alta, disse Proença. Ele apontou a estabilidade, que levou a ajustes no sistema produtivo, a exemplo da maior terceirização pelo setor industrial, como causas desse fenômeno.
Além disso, são impeditivos de maior expansão da economia formal a elevada cunha fiscal, maior competição na economia e, sobretudo, a legislação trabalhista, que chamou de " inflexível por não incorporar liberalidades que ajudariam uma maior contratação formal de mão-de-obra. " O presidente do Ipea apontou que entre 1992 e 2004 foram gerados 17,5 milhões de postos de trabalho líquidos. Mas a taxa de desemprego foi estabilizada em 10,3%, o que implica numa demanda de 3,5 milhões de novos empregos anuais para acomodar a força de trabalho que se agrega.
A partir do estudo, que faz um retrato sócio-econômico do país, Proença crê que haverá " menor pressão no mercado de trabalho, a partir dos próximos cinco anos. " Isso diante da redução nas taxas de natalidade.
No livro que tem seis capítulos, o Ipea também defende a " institucionalização " da independência do Banco central (BC), " que já vem operando " de maneira autônoma " desde o início do regime de metas de inflação. Azelma Rodrigues/Valor Online)
Fonte: Valor Online
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