NOTÍCIAS - Brasil

13/08/2006 -

Ogmo adota rodízio para evitar caos no porto

Da Reportagem

Para tentar amenizar o caos previsto para a próxima terça-feira no porto, quando será implantado o sistema de escala eletrônica para os cerca de 5 mil trabalhadores da Estiva, a direção do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo) decidiu dividir o processo de engajamanto em três etapas, por meio de revezamento das turmas da categoria.

Apesar disso, porém, prevalece entre os dirigentes do Sindicato dos Estivadores o receio de que ocorram confusões como as registradas com outras categorias, motivadas por vários fatores, como o excesso de trabalhadores em um único local e o desconhecimento do novo método de escala.

O gerente de Operações do Ogmo, Nelson de Giulio, explica que, em função da utilização do Posto 2, na Santa, pelos avulsos da Estiva e do Bloco, será feito o remanejamento das outras categorias que vinham utilizando esse local até então.

Assim, ficou definido que uma turma de operadores de guindastes e empilhadeiras ligados ao Sindogeesp atuará no Posto 1 (Saboó) e duas no posto 3 (Ponta da Praia). Para os vigias, consertadores, conferentes e rodoviários, a escala vai funcionar no Posto 3. Já o Sintraport deverá manter três turmas no Posto 1 e seis no Posto 3. As mudanças para essas categorias começam na terça-feira, a partir das 7 horas.

Rodízio

Para os trabalhadores da Estiva e do Bloco foi preparado o seguinte esquema: Na terça-feira, serão escalados pelo sistema eletrônico os que têm cargos de mando de convés (mestre, contramestre, fiscais de rodízio e câmbio livre). No dia 22, serão convocados os monotécnicos e, no dia 29, as 20 turmas de avulsos que trabalham nos porões dos navios.

Conforme a direção do Ogmo, o rodízio obedecerá a ordem numérica e contínua, sendo garantido aos trabalhadores o direitoa de escolher o serviço. Eles serão mudados de ponto de quatro em quatro dias.

De Giulio informou também que a reivindicação dos portuários a respeito dos horários será atendida pelo órgão gestor.

Ficou definido que os integrantes das turmas de 1 a 10 atuarão, nos dois primeiros dias, das 7 às 13 horas e das 19 à 1 hora. Já nos dois últimos, os horários serão das 13 às 19 horas e da 1 às 7 horas.

Por sua vez, os avulsos das turmas de 11 a 20 trabalharão nos primeiros dois dias das 13 às 19 horas e das e da 1 às 7 horas e, nos dois últimos, das 7 às 13 horas e das 19 à 1 hora. O gerente do Ogmo salientou que a inversão da jornada das 20 turmas acontecerá a cada 6 horas de trabalho.

No que se refere à polêmica a respeito da exigência de intervalo de 11 horas de descanso entre as jornadas de trabalho, De Giulio comentou que o sistema não é engessado, podendo ser flexibilizado de acordo com a necessidade do serviço. Ou seja: se a demanda exigir, o intervalo poderá cair para 6 horas e, se ainda assim, houver necessidade de contratação de mais mão-de-obra, será permitida a dobra.

Temendo acidentes, Estiva deve manter o sistema atual

Da Reportagem

Entendendo que as medidas anunciadas pelo Ogmo não aliviarão em nada os problemas que deverão ocorrer terça-feira, no Posto 2, devido excesso de trabalhadores, o presidente do Sindicato dos Estivadores, Rodnei Oliveira da Silva, vai propor na assembléia que será realizada amanhã, às 9 horas, na sede da entidade, que os trabalhadores se apresentem nos locais normais de ponto e não nos terminais preparados pelo Ogmo para a escala eletrônica.

Não somos animais para ficar presos nos currais em que o Ogmo transformou os pontos de escalação eletrônica. Somos 5 mil estivadores, além dos 4 mil das outras categorias, para caber nos cubículos criados para funcionar como postos de escala. Se o ruído hoje é insuportável para os portuários que já são escalados eletronicamente, imagine o que acontecerá com a aglomeração de mais 5 mil homens.

Em tom de irritação, o dirigente sindical revelou que o revezamento anunciado pelo Ogmo para a Estiva não terá grande eficácia levando-se em conta que a demanda de avulsos que buscam novos engajamentos após concluírem seu serviços aumenta substancialmente nos picos de trabalho.

Na opinião do sindicalista, o impasse só seria contornado com a instalação de mais dois postos de trabalho. Agora, se eles (os dirigentes do Ogmo) quiserem se responsabilizar pelos problemas que vierem a acontecer, então que assinem um documento assumindo essa posição.

Fiscalização

Rodnei e outros diretores do Sindicato dos Estivadores estiveram reunidos com a titular da Subdelegacia Regional do Trabalho (DRT) em Santos, Rosângela Mendes Ribeiro da Silva, na sexta-feira, e pediram uma ampla fiscalização nos pontos de escala do porto, na próxima terça-feira.

Pedimos também ao Ministério do Trabalho que não permita a entrada de mais 5 mil homens nos terminais. Temos muito medo que, em decorrência de qualquer tumulto, alguém morra esmagado naqueles cubículos.

Um dos fatores citados pelo presidente do sindicato para denunciar o que considera descaso do Ogmo para com a integridade física do trabalhadore é a falta de crachás indicando o seu tipo sanguíneo.

Segundo ele, o compromisso de inserção dessa informação foi assumido pelo procurador regional do Ministério Público do Trabalho (MPT), Ronaldo Curado Fleury, em maio último, durante audiência com representantes dos sindicatos, dos operadores e do órgão gestor, realizada na Codesp. Até agora, não recebemos os crachás.

Bloco

Na assembléia de amanhã, Rodnei apresentará as normas de escala propostas pelo grupo de estudo da categoria que há meses analisa a implantação do sistema de escala eletrônica pelo Ogmo.

Os trabalhadores do Bloco também têm assembléia amanhã, às 14 horas, para discutir o mesmo assunto.

Telma pede interferência do MPT

Da Reportagem

A deputada federal Telma de Souza (PT) encaminhou ofício ao Ministério Público do Trabalho (MPT), na última sexta-feira, manifestando profunda pre-ocupação com a questão envolvendo os trabalhadores portuários avulsos (Estiva e Bloco) e o sistema de escala eletrônica, que deverá ser implementada pelo Ogmo a partir de terça-feira.

No documento, a parlamentar diz ter recebido ofício da presidência do Sindicato dos Estivadores dando conta de que o sistema vai abranger nove mil trabalhadores e que a infra-estrutura implantada para a escala eletrônica, com apenas três postos destinados a essa finalidade, seria insuficiente, em termos de espaço físico, para abrigar o número de pessoas que diariamente serão obrigadas a transitar por esses locais.

Não apenas na condição de parlamentar intimamente ligada aos assuntos concernentes ao Porto de Santos, mas também como presidente da Subcomissão de Portos, Aeroportos, Aviação Civil e Marinha Mercante da Câmara Federal, solicito a interferência desse órgão para que averigue os fatos apontados pelas lideranças sindicais dos avulsos, no sentido de buscar uma solução harmoniosa que evite futuros conflitos e permita o bom funcionamento das operações portuárias do porto santista, conclui a deputada.



Fonte: A Tribuna