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15/08/2006 -

Estiva não acata determinação do Ogmo

Da Reportagem

Ignorando as determinações do Órgão Gestor de Mão-de-Obra (Ogmo), que no último fim de semana divulgou um esquema de rodízio para os trabalhadores avulsos que deveriam começar hoje a usar o sistema de escala eletrônica, a direção do Sindicato dos Estivadores decidiu manter o método manual de engajamento que vem sendo realizado há vários anos.

A preocupação do presidente da entidade, Rodnei de Oliveira Silva, é com a segurança dos trabalhadores, levando-se em conta o grande número de pessoas concentradas em um único local, o Posto 2, na Santa, escolhido pelo Ogmo para o início das operações da primeira turma de avulsos da categoria, que tem cerca de 5 mil trabalhadores.

Reforçando a sua posição, Rodnei disse já ter pedido uma fiscalização da Subdelegacia Regional do Trabalho, hoje, nos postos de escala do porto. Além disso, revelou que vai passar toda a responsabilidade da escalação dos trabalhadores para o Ogmo, retirando os fiscais do sindicato que costumam ajudar nesse serviço.

Em assembléia realizada na manhã de ontem, cerca de 800 trabalhadores apoiaram as decisões da diretoria do sindicato. Na ocasião, foi elaborado um documento com as propostas e alertas da categoria constantes de acordo firmado com o Sindicato dos Operadores Portuários (Sopesp), com ênfase para o intervalo de 11 horas entre as jornadas de trabalho e o novo método de escalação.

O 1º-tesoureiro da entidade, Rogério Jordão de Farias, disse que os estivadores continuarão sendo escalados nos postos atuais até que o Ogmo instale mais uma unidade para comportar o grande número de trabalhadores. O Posto 2 não suporta tanta gente, problema agravado pelo excesso de barulho e pelo forte calor provocado pelas telhas de amianto, que são cancerígenas.

Sintraport

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Portuários (Sintraport), Robson Apolinário, estranhou o fato de o Ogmo ter remanejado os trabalhadores da categoria para os postos 1 e 3 para atender a Estiva. Não fomos consultados; ninguém nos chamou para discutir a mudança dos locais de escalação, o que vai prejudicar toda a categoria.

Segundo ele, o Ogmo está criando uma situação desgastante. Vamos manter o esquema já acertado, pois não há tempo de avisar todos os trabalhadores sobre as mudanças anunciadas no fim de semana.

Ogmo

O gerente de Operações do Ogmo, Nelson De Giulio, disse que, no caso da Estiva, o sindicato terá que assumir a responsabilidade de seus atos, pois as medidas tomadas fazem parte de compromisso assumido com o Ministério Público do Trabalho (MPT).

Os locais cedidos pela Codesp foram estruturados para receber os trabalhadores e todas as iniciativas foram muito bem estudadas com antecedência. Hoje (ontem) fomos notificados pelo MPT para cumprir os prazos de implantação da escala e vamos fazer.

De Giulio revelou também que, no caso do Sintraport, o impasse foi resolvido em uma reunião com o presidente da entidade, ou seja: os trabalhores vão poder utilizar, por enquanto o Posto 2.

MPT

Cientificado dos problemas que poderão ocorrer hoje no porto, o procurador-geral do MPT, Ronaldo Curado Fleury, disse esperar que os sindicatos cumpram o compromisso de colaborar com o Ogmo, firmado durante reunião realizada no último dia 8 de agosto.

Os sindicatos se comprometeram a facilitar a implementação da escala eletrônica sempre que solicitados e esperamos que isso realmente aconteça amanhã (hoje).

A deputada federal Mariângela Duarte (PT) também se manifestou sobre o assunto, dizendo ter pedido audiência ao presidente Lula para tratar do adiamento da implantação da escala eletrônica e de todas as questões que envolvem a relação capital/trabalho no porto

Fonte: A Tribuna