17/08/2006 -
Trabalhadores podem barrar fusão CSN e Wheeling-Pittsburgh
Globo + 08:36
RIO - A fusão entre siderúrgica americana Wheeling-Pittsburgh e a subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) nos Estados Unidos poderá esbarrar na resistência de um dos sindicatos mais poderosos da América. Segundo reportagem do jornal Valor Econômico, os os Metalúrgicos Unidos (USW, na sigla em inglês) anunciaram nesta segunda-feira que irão trabalhar contra a proposta, anunciada no início deste mês. a Wheeling-Pittsburgh tem capacidade de produção de 2,8 milhões de toneladas curtas de placas e 3,4 milhões de toneladas curtas de laminados a quente, mas já entrou em concordata duas vezes nos últimos anos. No dia 8, a companhia anunciou um lucro de US$ 9,3 milhões no segundo trimestre deste ano.
O diretor do USW David McCall disse não ter informações sobre os planos da empresa brasileira e sobre a manutenção de empregos a partir da fusão. Segundo ele, a direção da CSN foi procurada há meses, sem ter dado nenhuma resposta. O Valor diz ainda que oito de cada dez funcionários da Wheeling são filiados ao sindicato, que tem dois representantes no conselho de administração da empresa e controla indiretamente um quinto das suas ações por meio de um fundo criado para garantir aposentadorias e o plano de saúde dos funcionários.
O acordo que regula as relações entre o sindicato e a Wheeling foi assinado em 2003, quando a empresa saiu da concordata, e é válido até 2008. Uma de suas cláusulas diz que qualquer tentativa de transferência do controle da companhia precisa ser submetida primeiro à avaliação do USW, que tem o direito de submeter uma proposta alternativa se quiser.
A fusão com a CSN foi anunciada há duas semanas. Na ocasião, a Wheeling disse que esperaria uma manifestação do sindicato até setembro, mas o sindicato afirma que tem até fevereiro de 2007 para se pronunciar sobre o negócio, segundo regras fixadas em 2003.
Por trás da resistência em relação à fusão, está o apoio a uma proposta apresentada por uma distribuidora de produtos siderúrgicos chamada Esmark, que tem adquirido empresas em dificuldades financeiras. A Esmark começou a conversar com o sindicato e a Wheeling há mais de um ano, mas a direção da companhia rejeitou todas as suas ofertas.
A Wheeling e a CSN se mantiveram em silêncio sobre a eventual rejeição da proposta por trabalhadores. A oferta prevê que a CSN ficará com 49,5% das ações de uma nova empresa que controlaria os ativos das duas companhias nos Estados Unidos e injetaria US$ 225 milhões no negócio. O investimento seria feito em forma de empréstimo, que poderia ser convertido em ações no futuro, ampliando a participação da CSN para 65%.
A CSN processa 900 mil toneladas de aço por ano nos Estados Unidos e o negócio é visto como essencial para a estratégia da empresa no país.
Fonte: O Globo
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