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20/08/2006 -

Denúncias causam mais uma crise

Da Reportagem

Menos de dois meses após ter saído do período de intervenção, que durou cinco meses, o Sindicato dos Metalúrgicos de Santos e Região, vive nova crise, agora envolvendo integrantes de sua diretoria que tomaram posse no último no dia 29 de junho último.

O racha aconteceu na última segunda-feira quando o presidente interino Florêncio Resende de Sá afastou de suas funções os diretores Luiz Carlos de Souza, Alcides Fagundes da Silva Filho e Moacir Alves, todos aposentados, sob a acusação de terem traído a categoria. Revoltados, os três dirigentes sindicais, que estão impedidos de participar de reuniões e ainda tiveram o cortados o vale-transporte e o vale-refeição, passaram a denunciar supostas irregularidades praticadas pela diretoria que, segundo eles, não presta contas de seus atos à categoria.

Luiz Carlos, por exemplo, considerou humilhante para os aposentados uma recente declaração atribuída presidente da entidade, Alvemi Cardoso Alves, de que os associados que não têm plano de saúde deveriam procurar o SUS, pois o sindicato não é assistencialista.

E se queixa, também, do fato de a diretoria ter aprovado o repasse de 3% da arrecadação do sindicato para a Intersindical, que está em processo de formação.

O aposentado revelou que tudo começou na última segunda-feira, quando o grupo foi à subsede da CUT (Central Única dos Trabalhadores) para verificar se o sindicato poderia ter algum prejuízo no futuro por ter deixado de repassar à entidade a porcentagem referente à contribuição dos associados.

Quando voltamos ao sindicato, o Florêncio já havia sido informado do ocorrido e passou a nos chamar de traidores, e a fazer ameaças de expulsão.

Porém, segundo Luiz Carlos, o que mais revolta é o fato de o grupo não ser atendido no pedido de verificação das atas de aprovação de contas dos últimos anos. Eles (a diretoria), colocam obstáculos em tudo. Desafio o Florêncio a convocar uma assembléia e apresentar esses balanços com absoluta transparência.

Repasses

Os aposentados denunciam também que não houve assembléia para aprovar a liberação dos 3% de contribuição para a Intersindical. A diretoria decidiu sozinha. Também sem aprovação da assembléia, eles mandaram verba para o MST (Movimento dos Sem-Terra) quando aconteceu aquele quebra-quebra em Brasília, disse Luiz Carlos.

Igualmente indignado com a situação, Alcides comentou que, em recente seminário teria sido apresentada a proposta de aumento da mensalidade dos aposentados dos atuais R$ 5,45 para R$ 12 ou R$ 18,00. Ao questionar esse aumento com o argumento de que poderia haver uma debandada dos aposentados filiados ao sindicato, recebemos como resposta que a diretoria não está preocupada com quantidade, mais sim, com qualidade.

Auditoria

Por sua vez, Moacir Alves questionou o fato de o sindicato ter dinheiro para enviar para outras entidades e não ter para custear uma auditoria. Nosso sindicato é filiado à CUT; por isso, não podemos ser chamados de traidores. Temos o direito de ir e vir.

O associado Vlamir Rezende, que está solidário ao grupo, disse que os diretores afastados não estão pedindo nada absurdo. Em qualquer entidade sindical a diretoria tem obrigação de fazer prestação de contas de seus atos. O sindicato está com muitas dívidas e essa distribuição de dinheiro não está sendo comunicada à categoria

Presidente interino faz reunião

Da Reportagem

Contatado por A Tribuna para dar sua versão a respeito dos fatos denunciados pelos pelos três companheiros de diretoria, o presidente interino do Sindicato dos Metalúrgicos, Florêncio Resende de Sá, negou todas as acusações, mas confirmou que eles terão suas atitudes avaliadas, podendo ser afastados da direção da entidade.

A reunião da diretoria, que definirá o futuro dos dirigentes sindicais, está marcada para amanhã, às 18 horas. Segundo Florêncio, eles terão, nesse encontro, a oportunidade de se defender da acusação de traição ao sindicato, por, supostamente, terem repassado a integrantes de outras entidades sindicais informações restritas à direção da categoria.

Nessa reunião, será dado um prazo para que eles (os denunciantes) apresentem sua defesa e, se não comprovarem as acusações, poderão ser afastados da diretoria, disse Florêncio.

Corte

Segundo o presidente interino, que substitui o titular do cargo, Alvemi Cardoso Alves, que está de férias, Luiz Carlos, Alcides e Moacir teriam pedido ao coordenador regional da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Francisco Nogueira da Silva, também presidente do Settaport, para viabilizar intervenção no Sindicato dos Metalúrgicos por supostos atos irregulares da diretoria.

Ficamos sabendo da traição antes mesmo de eles retornarem ao sindicato e, de imediato, tomamos a decisão de cortar todo vínculo deles com a diretoria, medida que vai prevalecer até que apresentem sua defesa em relação ao ocorrido.

Florêncio explicou que o sindicato continua filiado à CUT e que a Intersindical é uma das correntes políticas da Central. Assim, não há necessidade de realizar assembléia para fazer o repasse dos 3% da arrecadação para aquela entidade. Não estamos fazendo nova filiação e, por isso, basta a aprovação da diretoria.

Atas

Sobre a denúncia de não-fornecimento de cópias das atas de prestação de contas, o dirigente sindical revela que essa não prática no sindicato, já que todo o conteúdo desses documentos é apresentado nas reuniões de diretoria.

Florêncio revelou que, a exemplo dos denunciantes, ele também quer a realização de auditoria nas contas do sindicato. O que não temos é dinheiro para para pagar esse serviço, que tem o custo mínimo de R$ 100 mil.



Fonte: A Tribuna