NOTÍCIAS - Brasil

24/08/2006 -

Casas Bahia vai crescer menos e cortar vagas pela primeira vez

Da AE

Pela primeira vez desde 2001, o ano do apagão, a Casas Bahia, a maior rede de eletrodomésticos e móveis do país, crescerá menos que o previsto. A empresa decidiu fazer um ajuste para se adequar ao ritmo mais lento da economia. A rede planejava abrir 100 lojas neste ano, mas vai inaugurar 70. A expectativa inicial de faturar R$ 13,5 bilhões, 17,4% a mais do que em 2005, encolheu para R$ 12 bilhões. "Se crescermos 3% ou 4% este ano estaremos satisfeitos", diz o diretor administrativo e financeiro, Michael Klein. Segundo ele, o mercado de consumo como um todo atingiu o limite de saturação. A inadimplência subiu um ponto percentual neste ano e, segundo ele, o crédito consignado, aquele com desconto em folha de pagamento, reduziu a renda disponível no bolso do consumidor. Só na Casas Bahia, cerca de 35% dos funcionários pegaram empréstimos consignados.

Klein conta que a retração no faturamento foi sentida no primeiro semestre e as vendas começaram a desacelerar logo depois do Dia das Mães. De janeiro a junho, a rede registrou queda de 5% nas vendas em relação a igual período de 2005, levando-se em conta o mesmo número de lojas. "A economia está andando, mas é de lado", afirma o diretor que prevê que o desempenho do PIB (Produto Interno Bruto) fique abaixo de 3,5%. Neste mês, as vendas estão iguais às de agosto de 2005, mesmo a empresa tendo fechado lojas.

Ele acredita que o volume de negócios só volte a crescer em novembro, com o pagamento da primeira parcela do 13º salário. O pano de fundo do ajuste da companhia é o ritmo mais lento da economia, que foi agravado especialmente no Sul do país por causa da crise do agronegócio e perda de fôlego das exportações de calçados e de frangos.

Nos últimos dois meses, a empresa fechou seis lojas na região e a idéia é encerrar a atividade de mais quatro até o final deste mês: Farroupilha (RS), Camaquã (RS), Mafra (SC) e Campo Mourão (PR). Por causa da queda 50% das vendas no Sul, a empresa também adiou os planos de construir um novo depósito na região. Klein disse que a intenção é manter a presença no Sul, porém realocando as lojas para cidades onde a influência do agronegócio seja menor. Além das dez lojas do Sul, foram fechadas duas em São Paulo, em São Miguel Paulista e Itaquera. O motivo, segundo o diretor, é que havia sobreposição de outras unidades da rede. "Estamos com os pés no chão", disse Klein. Ele compara as Casas Bahia à um transatlântico, que não pode frear, mas está tendo agilidade para se adequar ao novos tempos. Isso significa enxugar custos, o que se reflete no corte de pessoal.

Demissão Pela primeira vez na história recente, a empresa vai fechar o ano demitindo funcionários. Ao todo, Klein diz que serão cortados 2 mil trabalhadores, de vendedores a cargos administrativos de diretoria. No ano passado, a empresa, que é a terceira maior empregadora do país, abriu 22 mil postos de trabalho. A idéia inicial para este ano era fechar 2006 com um saldo de 10 mil contratações.

O projeto da SuperCasas Bahia, a megaloja que abre as portas em dezembro no Anhembi em São Paulo, está mantido. "Mas ao invés de contratarmos 2,5 mil funcionários efetivos como foi no ano passado, desta vez serão empregos temporários", observa Klein.

Ele explica que, com o ajuste da operação da rede, houve fusão de departamentos e por conta disso foram cortados funcionários antigos. O departamento de contas a pagar, por exemplo, foi fundido com a tesouraria. "O departamento de expansão não existe mais", disse Klein. Além disso, a rede vai deixar de vender artigos de vestuário que são comercializados em 30 lojas e representam 2% das vendas. Para melhorar os resultados, optou-se por vender artigos de cama, mesa e banho.

Fonte: Diário do Grande ABC