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25/08/2006 -

Greve na Trorion é julgada legal

Luciele Velluto

Do Diário do Grande ABC

A fabricante de espumas para colchões Trorion, de Diadema, vai ter que quitar nesta sexta-feira suas dívidas salariais com seus empregados. O TRT-SP (Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo) foi a favor dos trabalhadores da empresa nesta quinta-feira em sessão realizada na Seção Especializada em Dissídios Coletivos na Capital, que julgou legal os 38 dias de greve e determinou a penhora dos bens da empresa e de seus sócios. Cerca de 40 funcionários assistiram ao julgamento.

A Trorion terá que pagar seus funcionários normalmente nos dias de paralisação já que o juiz considerou a greve não-abusiva. Os trabalhadores também retornam as suas atividades normais nesta sexta-feira após assembléia realizada pelo Sindicato dos Químicos do ABC, no início da manhã, que anuncia a vitória no tribunal.

Segundo Wanderley Salatiel, diretor da entidade de classe, a empresa tem que pagar os vales atrasados do dia 20 de julho e 20 deste mês, o salário de agosto, além de outros benefícios, sob pena de multa de 5% sobre o pagamento de cada trabalhador.

No julgamento da greve, o qual a empresa não poderá recorrer, também foi concedida a estabilidade de emprego de 60 dias para todos os funcionários e o fim da cooperativa que operava dentro da empresa, com multa para cada dia em que funcionar a associação ilegal de funcionários no valor de R$ 10 mil, montante que será revertido para os empregados da Trorion em caso de não cumprimento da determinação.

O faturamento da empresa de Diadema foi bloqueado para garantir o pagamento de seus funcionários, assim como a conta-corrente da empresa no Banco do Brasil. Um oficial de Justiça do Tribunal foi designado para garantir o cumprimento da sentença e controlar a entrada de dinheiro em caixa que será totalmente destinada ao pagamento do saldo devedor com os trabalhadores.

O tribunal também determinou a penhora das máquinas e bens dos sócios tanto da Trorion quanto da empresa TSA que, segundo o sindicalista, funciona dentro da empresa processada. "Elas tem o mesmo endereço com CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) diferentes. A TSA compra da Trorion e repassa para seus principais clientes ficando com o faturamento. É como um caixa dois", afirma.

Para Salatiel, o bloqueio dos bens serve para garantir que os benefícios, como FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e 13º salário, todos em atraso, sejam pagos. "Agora vamos ficar de olho se eles vão cumprir o que foi determinado e no Ministério Público, que dará continuidade nos trabalhos já realizados dentro da empresa", diz.

Na última semana, a DRT (Delegacia Regional do Trabalho) emitiu 15 multas para a Trorion por não respeitar artigos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), sem divulgar valores. Entre elas está a irregularidade da contratação de empregados em forma de cooperativa e atrasos no pagamento de benefícios dos trabalhadores que somavam R$ 183,489,92 até a data.

Fonte: Diário do Grande ABC