29/08/2006 -
Ministro manda soltar líder do MST em Pernambuco
RECIFE - O dirigente nacional do MST e maior liderança em Pernambuco, Jaime Amorim, foi libertado na tarde de ontem por decisão do ministro do STJ, Nilson Naves, que considerou ilegal a sua prisão temporária - decretada pelo juiz da 5ª Vara Criminal do Recife, Joaquim Lafayete Neto. O líder dos sem-terra estava preso no Centro de Observação e Triagem (Cotel), no município metropolitano de Abreu e Lima desde a semana passada.
O dirigente do MST foi preso no município de Itaquitinga, onde havia participado do enterro de Josias Barros - assassinado no município de Moreno, no dia 20, junto com outro líder do MST. Os acusados do crime tiveram prisão decretada, mas ainda estão foragidos.
Em entrevista, logo após ser libertado, Amorim puxou para o MST e movimentos sociais a solução para o sistema prisional do País. "Agora se fala em segurança máxima, mas isso não vai resolver o problema porque os presídios nesse País são uma fábrica de produzir mais delinqüência", afirmou . "Creio que a sociedade brasileira organizada tem que assumir a tarefa de resolver esses problemas no País". Para ele, na prisão não se prepara ninguém para viver em sociedade. "Só se empurra as pessoas para a vida no submundo".
Processo
Jaime Amorim foi solto depois de prestar depoimento no Fórum Joana Bezerra, onde responde processo por incitação ao crime, desacato e dano ao patrimônio público. Ele é acusado de comandar depredação ao consulado norte-americano, em novembro do ano passado, durante protesto contra o governo Bush.
Amorim responde a outros quatro processos, em que é acusado de crimes referentes a roubo, formação de quadrilha, calúnia, incêndio e invasão de estabelecimento, entre outros. Nenhum deles foi ainda julgado.
EUA - Na entrevista, Amorim avaliou que o caso que o levou à prisão temporária "demonstra a submissão do Estado brasileiro aos interesses norte-americanos". "Foi a pedido da Embaixada dos Estados Unidos que o processo foi aberto e minha prisão foi decretada no dia da independência daquele País (quatro de julho) e mais uma vez o Estado brasileiro se curva", afirmou.
Jaime chegou ao fórum por volta das 14 horas, algemado e escoltado por 13 homens - oito da Polícia Militar e cinco agentes penitenciários. No depoimento, ao juiz substituto Luciano Castro Campos, disse não saber quem era o líder do protesto defronte ao consulado, quem danificou o prédio nem quem jogou tinta vermelha. No dia 12 de setembro serão ouvidas as testemunhas de acusação. A expectativa é de que até o final do ano Amorim seja julgado. Se condenado, poderá pegar pena de oito anos de prisão.t
Fonte: Tribuna da Imprensa
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