31/08/2006 -
Conselho Sindical promoverá manifestações na região contra a Volkswagen
Da Reportagem
Da Sucursal de Praia Grande
O Conselho Sindical da Baixada Santista, Vale do Ribeira e Litoral Norte vai realizar manifestações em Cubatão e em São Vicente amanhã e no dia 7, contra a Volkswagen, devido às demissões em massa na montadora de São Bernardo do Campo. O órgão, que reúne 90 sindicatos das três regiões, também vai desenvolver uma campanha para convencer a classe média a não comprar mais os veículos produzidos pela empresa alemã.
Para essa campanha, o Conselho Sindical pretende arrecadar R$ 9 mil. O dinheiro será usado na confecção de adesivos e cartazes denunciando o risco de demissões em massa. A contribuição de cada sindicato dependerá da quantidade de trabalhadores em sua base, variando de R$ 100,00 a R$ 300,00.
A estratégia de luta em prol da manutenção dos empregos na Volks foi definida na manhã de ontem, durante plenária no Sindicato dos Trabalhadores Municipais de Praia Grande.
Em cascata
Pelos cálculos de lideranças do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, para cada vaga fechada na unidade industrial da Volks outros 47 trabalhadores serão demitidos em cascata, nos setores de auto-peças, siderurgia, transporte, petroquímica, comércio de combustíveis e de veículos, auto-mecânicas e até estivadores, responsáveis pelo embarque dos carros que são exportados a partir do Porto de Santos.
Precisamos vencer a barreira do individualismo e o Conselho Sindical está dando mostras disso, até porque os reflexos dessas demissões serão sentidos no Pólo Petroquímico de Cubatão, na Cosipa, no porto e no comércio da região, disse Silvio Nascimento, coordenador do Conselho Sindical.
As manifestações acontecerão no Parque Industial de Cubatão, amanhã de manhã, e no Quarentenário, em São Vicente, no próximo dia 7, durante o Grito dos Excluídos.
Durante a plenária, o diretor-executivo do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Sebastião Costa, alertou que as demissões já começaram nas empresas que fornecem matéria-prima para a Volks. Segundo o sindicalista, as firmas instaladas no ABC começaram dispensando os trabalhadores contratados em caráter temporário.
Estiva
Em assembléia que acontecerá amanhã, no sindicato da categoria, os estivadores vão discutir a proposta de boicote no embarque de veículos da Volks que são exportados pelo Porto de Santos.
Conforme o presidente da entidade, Rodnei Oliveira da Silva, essa mesma proposta será levada ao Congresso Nacional dos Estivadores que acontecerá entre os dias 10 e 15 de setembro em Paranaguá (PR).
Trabalhadores mudam a estratégia da greve
Agência Estado
De São Paulo
Os trabalhadores da montadora da Volkswagen de São Bernardo do Campo decidiram manter a greve iniciada na terça-feira à tarde, mas vão mudar a tática do movimento. Até agora, os funcionários de todos os setores entram na fábrica, mas não ligam as máquinas. Uma nova tática pode incluir paralisações por setor e manifestações públicas.
A greve foi aprovada depois que a montadora enviou 1.800 cartas comunicando sobre as demissões que serão efetivadas em novembro. Os cortes fazem parte da primeira etapa do plano de reestruturação que prevê, ao todo, o fechamento de 3.600 postos até 2008, de um total de 12.400 que a montadora mantém atualmente.
No início da noite, a empresa divulgou Nota à Imprensa reiterando a necessidade de um acordo para viabilizar o futuro da fábrica Anchieta, mas nenhum encontro foi agendado com o Sindicato dos Metalúrgicos. A Volks confirma que, na primeira quinzena de setembro, ocorrerá na sede do grupo em Wolfsburg, na Alemanha, reunião estratégica para decidir os novos investimentos para as operações da empresa no Brasil.
Segundo a montadora, este é o prazo final para a Anchieta se adequar aos padrões de melhoria de produtividade e redução de custos (incluindo pessoal) exigidos pela matriz para ser contemplada com investimentos em novos produtos, fato que viabilizará o futuro da unidade.
A manutenção da greve foi ratificada em assembléias realizadas ontem, de manhã e à tarde, envolvendo todos os turnos de trabalho.
Com a greve, deixaram de ser fabricados até agora cerca de 1.400 carros dos modelos Fox Europa, Polo, Gol, Kombi e Saveiro. A Anchieta também fornece peças estampadas como capô e portas para as fábricas de São José dos Pinhais (PR) e Taubaté (SP), que ainda não foram prejudicadas.
Os sindicalistas iriam manter uma equipe de plantão durante toda a noite para impedir a saída de caminhões com componentes para essas unidades.
Europa
Na Europa, onde a Volkswagen pretende eliminar 20 mil postos de trabalho, a montadora está oferecendo aos 85 mil funcionários pacotes de desligamento com valores que variam de 41 mil euros (R$ 112 mil) a 250 mil euros (R$ 685 mil), dependendo da renda do trabalhador e o tempo de serviço.
Se aqui no Brasil a Volks oferecesse essas indenizações milionárias pagas na Europa, teríamos de ficar no portão segurando trabalhador para não sair, ironizou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, José Lopez Feijóo.
Hoje, trabalhadores de outras montadoras devem definir ações de apoio aos grevistas da Volks.
Longa duração
Feijóo prevê que o movimento deve ter longa duração, por isso a estratégia será alterada sempre para enfrentar contra-ofensivas da empresa, que já contratou serviços de segurança extra para permanecer dentro da fábrica. (AE)
Fonte: A Tribuna
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