01/09/2006 -
Greve na Volks compromete produção em outras fábricas
SÃO PAULO - A greve na fábrica da Volkswagen no ABC paulista já afeta as unidades do grupo em São José dos Pinhais (PR) e em Taubaté (SP), que recebem componentes da unidade Anchieta, parada desde terça-feira. A montadora suspendeu a produção nessas fábricas por dois dias, mas alega "ajuste de produção". A Volks também avisou ontem que poderá dar férias coletivas em ambas unidades entre os dias 18 e 27, mesmo período programado para férias no ABC.
O aviso de férias é preventivo, informou a empresa. Ela admite que, se a greve no ABC se prolongar, não será possível manter o funcionamento normal nas outras duas filiais. Ontem, trabalhadores do ABC decidiram manter a greve até segunda-feira, quando avaliam se mudam a estratégia de protesto contra as 1,8 mil demissões anunciadas na terça-feira. Até lá, eles vão entrar na fábrica, mas não ligarão as máquinas, tática adotada desde o início do movimento.
Com a paralisação, a fábrica deixa de produzir 940 veículos por dia. A Volks informou que as paralisações no Paraná, hoje e amanhã , e em Taubaté, hoje e quarta-feira, já estavam programadas antes da greve. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, informou ter recebido ontem o aviso de dispensa remunerada dos funcionários. A compensação será feita dia 30. A fábrica paranaense tem 3,8 mil funcionários, segundo o sindicato.
Mais de 300 trabalhadores foram demitidos ao longo do ano. Ainda assim, a unidade foi incluída no plano de reestruturação e estão previstos mais 900 cortes a partir de 2007. O plano inicial da montadora apresentado em maio indicava 1,4 mil cortes em dois anos. No Paraná são produzidos diariamente 800 veículos Fox (para o mercado interno e exportação), CrossFox e Golf.
Taubaté tem menos de 5 mil funcionários. O sindicato dos metalúrgicos local fez acordo para o plano de reestruturação e 160 pessoas saíram em julho, com incentivos extras. Outros 140 sairão até dezembro e 400 ao longo de dois anos.
A Volks afirma que, sem a reestruturação, os cortes podem atingir 6,1 mil vagas e a fábrica poderá ser fechada, pois não receberá novos investimentos. A decisão sobre o futuro da fábrica ocorrerá na primeira quinzena de setembro, na Alemanha.
"A fábrica divulga nota em que acena para negociações, mas quando sentamos à mesa repete a mesma ladainha, de que precisa fazer a reestruturação nos moldes em que ela quer", disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijó. "Isso não vamos aceitar e estamos dispostos a manter uma longa luta."t
Fonte: Diário do Grande ABC
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