05/09/2006 -
Fábrica da Volks no ABC suspende demissões
Agência Estado
De São Paulo
Trabalhadores da Volkswagen de São Bernardo do Campo, no ABC, voltaram ao trabalho ontem à tarde, depois que a montadora suspendeu as 1.800 cartas de demissão enviadas na terça-feira da semana passada, atitude que motivou o início da greve.
A decisão foi aprovada em assembléia, após a direção da empresa ter convocado os representantes dos funcionários para novas negociações sobre o acordo de reestruturação pretendido pela companhia.
Na próxima terça-feira, haverá nova assembléia para discutir a proposta que a empresa apresentará. Após a assembléia, o gerente-executivo de Relações Trabalhistas da Volks, Nilton Junior, afirmou, em nota, que a montadora não abriu mão de cortar 3.600 postos na fábrica do ABC, onde trabalham 12.400 pessoas. A empresa apenas reabrirá a discussão sobre as condições do plano de reestruturação, previsto para até 2008.
O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, José Lopez Feijóo, adiantou que a categoria não aceitará a mesma proposta apresentada anteriormente. Se for uma farsa, uma simulação de negociação, temo pelo futuro, pois temos disposição de manter a luta, conforme já demonstramos.
A retomada das negociações ocorre num momento em que a greve dos funcionários da Volks, que paralisou completamente a produção diária de 940 veículos na fábrica Anchieta, começava a afetar também as empresas de autopeças.
A Arteb, fabricante de faróis e lanternas em São Bernardo, anunciou férias coletivas para metade dos 1.200 funcionários entre os dias 18 e 27, mesmo período em que a Volks programou a dispensa de 3.200 funcionários de São Bernardo e de boa parte do pessoal das unidade de Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR).
As duas fábricas já tiveram a produção interrompida por dois dias. Somando tudo, a empresa deixou de produzir cerca de 6 mil carros.
A Bosch, fabricante de freios e outros componentes, suspendeu a programação de jornada extra na fábrica de Campinas (SP) por causa da redução de pedidos da Volks, informou o presidente da empresa, Edgard Silva Garbade.
Risco
Reafirmamos nossa disposição de encontrar uma solução que garanta o futuro da fábrica Anchieta, disse Nilton Junior, salientando que a empresa espera concluir as novas negociações até o fim da quinzena para ser apresentada à matriz, que terá reunião para definir novos investimentos do grupo. Sem o acordo, o futuro da Anchieta estará em risco, disse ele.
Nas negociações antes do início da greve, o Sindicato dos Metalúrgicos admitia discutir um plano de demissões, desde que voluntárias (PDV, em que o funcionário se inscreve para deixar a empresa, em troca de benefícios extras). A montadora, porém, insistia na indicação dos que deveriam sair. Também queria reduzir benefícios trabalhistas.
Reunião
A primeira reunião de negociação acontece hoje, às 13 horas. Os encontros devem ocorrer até durante o feriado, disse Wagner Santana, da Comissão de Fábrica. Até lá, todas as manifestações serão suspensas, inclusive a distribuição de panfletos nas revendas da marca, prevista para amanhã. (AE).
Fonte: O Estado de S.Paulo
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