05/09/2006 -
Volksvagen suspende demissões
SÃO PAULO - Os trabalhadores da maior fábrica da Volkswagen no Brasil suspenderam ontem temporariamente a greve que tinham começado há seis dias, após a direção da empresa ter anunciado a suspensão provisória de 1.800 demissões. O fim da greve foi aprovado ontem, em assembléia, pelos trabalhadores da fábrica da empresa alemã na cidade de São Bernardo do Campo, município do ABC paulista, no qual trabalham 12.400 pessoas.
Os trabalhadores aceitaram suspender a greve pelo menos até terça-feira da próxima semana, 12 de setembro, quando a direção e o sindicato se reunirão novamente para negociar uma saída para a crise da empresa, que insiste em um plano de reestruturação que prevê centenas de demissões. O sindicato espera receber, na próxima terça-feira, uma nova proposta do fabricante de automóveis sobre a necessária reestruturação da empresa.
A paralisação foi determinada depois de a direção da subsidiária da empresa alemã no Brasil ter enviado cartas a 1.800 de seus empregados em São Bernardo do Campo nas quais notificava a rescisão de seus contratos a partir de novembro. A empresa aceitou a suspensão das demissões após uma reunião, ontem, com os representantes do sindicato, ocasião em que foram estipuladas uma trégua e uma nova negociação para a próxima semana.
A Volkswagen anunciou em maio um plano de reestruturação que previa que 3.600 de seus cerca de 22 mil trabalhadores em todo o Brasil seriam demitidos. Diante da resistência do sindicato em aceitar o plano de reestruturação, há duas semanas a companhia ameaçou fechar sua fábrica em São Bernardo do Campo, dispensar 6.100 trabalhadores dessa unidade e remanejar o restante.
Como resposta, os sindicalistas endureceram sua posição. O Governo - que convocou dirigentes da empresa para tentar buscar uma saída alternativa - suspendeu temporariamente um crédito de cerca de R$ 500 milhões que o BNDES já havia aprovado para a companhia.
A Volkswagen afirma que perdeu competitividade no Brasil por conta da revalorização do real e que o plano de demissões faz parte de uma estratégia mundial de reestruturação. O setor automotivo alega que o débil desempenho da economia local; a revalorização do real, que prejudica as exportações; e as altas taxas de juros freiam a demanda e o consumo de bens. O Governo, no entanto, sustenta que os fabricantes de automóveis fecharão este ano com recordes na produção, nas vendas e nas exportações.
Fonte: Tribuna da Imprensa
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